sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Crônicas no olhar - Massa encefálica

Massa encefálica



Aqui as formigas disputam espaço com pessoas, que disputam com automóveis, que disputam com patinetes e bicicletas amarelas.
Como num "vai-vem" em memória ao brinquedo saudosista, passa aqui, passa acolá, há um caos permissivo.
Todos caminhando com saltinhos avantajados e saias acinturadas ou calças de todo tipo com tênis de academia, com destinos às senzalas modernas com seus luxos em vidros que reluzem o céu. Ou o poluído rio, o trânsito, o cinza de uma metrópole.
Dizem as "boas" línguas que os mesmos são alta referência da arquitetura e da engenharia. Uns mausoléus, creio eu.
Escravos de um gordinho salário, muitas vezes mal humorados, solitários em fones de ouvido ou telas de celular, deixam seus patinetes sobre a faixa de pedestre ou faixa inclusiva sem a menor culpa. Pedestre? Nem sei quem sou.
Nem um olhar, um sorriso,
Nem pedido de desculpas pelo esbarrão.
"Sai da frente que sou gerente de gente!"
Precisamos sim, pensar diferente, esvaziar os cascos, doutrinar o ego, respirar, respirar, respirar. E se importar.
Corre! Lá vem um patinete verde levando na garupa uma senhora de tailleur creme. Caiu!
Não respirou.

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