sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Conversas do cotidiano - Tem que orar

Conversas do cotidiano
(Tem que orar)
Zona leste de SP, lotação que não era com destino à Chabilândia, eu sentadinho ouvindo uma conversa atrás de mim.


"O culto ontem estava demais." (ele)
"Sempre! Desde o louvor. Mas tem dias que pega mais." (Ela)
"Ainda bem. O louvor era de velório. Ela sempre canta essa."
"É de velório mas é boa".
"Ela nem nem sabe que a gente chama ela de bruxa".
Ele (mudando de assunto, semi constrangimento) "Domingo vai ser o teatro. A gente racha o bico com o Teco. Na peça vai ter um demônio e ele faz a voz e todo mundo ri. Gosto muito."
"Tem que orar. É bom já ir orando desde já porque o inimigo já fica de prontidão. As crianças ficam com medo."
"O Dilsinho não vou levar" - uma terceira voz fraquinha resmungou.
Levantei com a curiosidade à flor da pele para ver os protagonistas.
Ele, cara novo, com o antebraço direito tatuado com algo que não observei bem, uma calça tipo agasalho com o símbolo do Corinthians no bolso direito frontal e uma camiseta preta telada.
Ela, meia idade, quatro furos na orelha com brincos brilhantes, maquiagem definitiva gritante, cabelo num tom cinza brilho que contradiz quando ela disse que não queria casar sozinha porque tinha vergonha , o casamento tinha que ser coletivo comandado pelo pastor.
Voz fraquinha - só vi o risco avantajado da sobrancelha que parecia uma barata voadora de noites quentes de verão.
Desci pensando "Brasil, meu Brasil brasileiro..... Que frio!"

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