sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Entrevista concedida Gazeta da semana - Nov/2014

Admir Calazans

Diretor, Produtor e Ator

Thiago Santos
Apresento o Brilhante e Carismático Admir Calazans

 Thiago Santos: Quem é o artista em você?
 Admir Calazans: O artista é aquele ser múltiplo e que enxerga multiplicidade em tudo. O artista em mim está no olhar. Não enxergo tudo da primeira vez. Para mim, apurar o olhar é aprimorar o meu conhecimento e quanto maior esse conhecimento, maior o artista, arteiro, artesão, em mim. Entenda-se que este olhar não tem a ver com habilidades. Posso enxergar o teatro musical, porém não tenho a habilidade que ele precisa para ser feito. Para me habilitar conto com estudo e dom próprio. Para enxergar conto com alma e sensibilidade, além do estudo que necessariamente não precisa ser livro. Este é o maior entrave com o ego do artista. E outra, é preciso aceitar que não sabe e potencializar o que sabe. Esse olhar está em mim.

 T.S: Quando tocado por este mundo fantástico que é o da arte. Lembra o que sentiu no primeiro momento?
 A.C: Essa história é antiga. Tinha, na época do colégio, uma professora de Educação Artística – Professora Nanci, que nos estimulava (os alunos) a sermos artistas. “E ser artista no nosso convívio...” Fazíamos desde escultura em Sabão em pedra, lápis, giz, pintura em garrafa, desenhos e Teatro. Lembro-me de um, que era instigado somente por cores, éramos estimulados a ler, acredito que esses professores da minha época, usavam a sala de professores para combinar técnicas e não falar da vida alheia. Ler não era passatempo, era estudo. Daí que o interesse vem. Essa mesma professora Nanci, foi quem plantou em mim, esse lado da exposição que o teatro nos força a ter. Era extremamente tímido, mas igualmente entusiasmado. Acredito que fui tocado aí, porque eu nunca me esqueci dessas aulas. Ainda é um refresco pra mim. Depois tive outra professora Raquel, que adora Premeditando o Breque, o grupo. Encantei-me com esse despropósito acadêmico (risos).  Comecei a ouvir música alternativa.
 Depois veio a fase da juventude e o teatro continuou agora como espectador. Ia bastante ao teatro, quando dava, porque não tinha grana. Lembro que certa vez, já com mais ou menos 18 anos, fui assistir, sozinho, uma peça no bairro do Bexiga, no Teatro Bela Vista, em São Paulo intitulada “Sades, ou noites com os professores Imorais”, da então desconhecida Cia Os Sátyros. Apaixonei de cara! Era baseado em Marques de Sade. Fiquei louco para fazer aquilo, para estar ali, pela curiosidade do processo, de como aqueles atores conseguiram fazer o espetáculo, de me enroscar com eles. Eu senti uma vontade ardente no peito. Demorou muito ainda para começar a estudar teatro, eu tinha que me dedicar a minha carreira acadêmica e isso distanciava muito. Fui estudar teatro em 2000.


 T.S: Descreva quais sentimentos lhe veio em mente ao receber em mãos o roteiro contendo o seu primeiro personagem!
 A.C: Quando em 2000 entrei para a escola técnica. Eu já estava picado pelo tal bichinho do teatro. Comecei a enveredar por alguns cursos durante a semana e no final de semana cursava o técnico. Antes mesmo de fazer minha primeira estreia pela escola, estreei com a Cia. Cafonas & Bokomokos, da qual faço parte há 14 anos. Meu primeiro personagem era uma série deles, no espetáculo O clichê do Amor, onde seis atores se revezavam para viverem múltiplos personagens. Medo, entusiasmo, carinho, receio, trabalhar com a frustração, com a empolgação foram esses os sentimentos que encarei quando recebi esses roteiros. Daí pra estreia e temporada, foram só descobertas do que ampliar e do que reduzir e do que completar. Personagem é isso: Um presente ofertado e bem embrulhado. O que é dele está em cada camada do embrulho.
 Quando recebi o meu primeiro roteiro de curta metragem, eu pirei! É diferente, sei lá. Difícil de explicar. Charlinho Júnior era um bandido do bem, um Zé Mané que nem sabia roubar direito a ponto de se envolver em prol de suas vítimas. “Cupido”, dirigido por Luan Cardoso dentro do Média metragem “Críticos Momentos”, foi a minha oportunidade de me ver na telona. Adorei fazer, me envolver no processo. Depois dele, fiz mais dois curtas: “Feito a Mão”, dirigido Por Larissa Alvanhan e Natascha Goldmann, que deve estrear em Dezembro/2014 e “Identidades”, dirigido pelo querido parceiro da Quixó Produções, Luan Cardoso.  Além de que, me despertou para escrever roteiros de curta metragem. Já tenho dois: “Táxi” e “Pelo olhar”.


 T.S: Em todos esses anos dedicando o seu tempo e amor em prol daquilo que lhe faz tão bem. Compensa o seu viver de que forma?
 A.C: Vivo intensamente cada momento da minha passagem por essas bandas de cá! Eu gosto muito de jogar voleibol, queria ter todas as minhas potencialidades físicas para poder suprir essa atividade física que me faz tão bem e que me recarrega para outras coisas, mas corpo físico é uma coisa que tem que se cuidar desde pequeno. Uma perna insiste em querer me desestimular. Mas sou guerreiro e não abaixo minha lança. Adoro transformar os improvisos dos meus alunos em texto, em cenas. Isso é um exercício para minha criação.  Curto fazer adaptações de textos para o teatro. Tenho uma adaptação linda de Drácula, de Bram Stoker e outra do livro Fogo nas Entranhas, de Pedro Almodóvar. Já fiz várias. Estou começando a escrever dramaturgicamente. Estou empolgado nisso agora.
 Gosto de namorar, beijar, fazer sexo, assistir espetáculos, shows, arte! Essa opção boa que a vida nos proporciona, não dá para negar. Ah, e adoro não fazer nada também. Lembro sempre de uma inspiração para mim – Mirtes Calheiros (da Cia Artesãos do Corpo) – que dizia “Todos precisamos ter nossos momentos de ócio”. Levo a ferro e fogo. Aliás, sou dorminhoco.
 Vou a espetáculos teatrais quando o bolso permite, não sou daqueles atores que grudam para conseguir ingresso de graça. Sou tímido para isso. São Paulo é a maior capital de teatro do mundo. Tem para todos os gostos.
 E isso, recarrega minhas energias!
 Ah, e adoro falar!


 T.S :  Você é componente de algumas companhias de teatro?!
 A.C: Sim, atualmente estou fixo em duas Companhias de Teatro de São Paulo:
Cia. Cafonas & Bokomokos – Estou com eles desde 2000, foi lá minha estreia profissional no teatro. É a minha escola de teatro preferida. Com um repertório grande de mais ou menos 10 espetáculos, percorri muitos palcos da cidade, com espetáculos que permeiam o teatro-humor. Aprendi a fazer humor com eles – meus amigos – os carinhosamente chamados cafonas! O grupo já foi muito grande e atualmente está reduzido a poucas pessoas. São elas: Guilherme Vidal (diretor) um mestre, um mentor, Edgar Suzuki (Iluminador/criador), Marcos Garbelini, Luis de Osti, Paulo Affonso, Renato Lembo, Eu (Admir Calazans).
 Nosso último espetáculo “Expresso Hamlet”, adaptado de Hamlet de Shakespeare, transforma a tragédia do papa inglês em uma tragicomédia com a cara da Cia. Ficamos no início de 2014 em cartaz no Viga Espaço Cênico, com casa cheia todos os dias. É um Hamlet feito em cinco atores. Todos faziam os personagens, com exceção de Laertes e o Fantasma. Até Willian Shakespeare aparecia para questionar a montagem. Esse espetáculo é muito inteligente e divertido e deve ré estrear ano que vem aqui em São Paulo.
Cia Xifópagos – Estou com eles há dois anos. Fui diretor do último espetáculo da Cia. – “Do Alto do Seu Encanto”, de Valter Vanir, amigo que conheci por conta de “Navalha na Carne” no Fringe – Festival de Teatro de Curitiba em 2010 e também entrei como ator, quando da necessidade de substituir um ator.  Dirigir este espetáculo proporcionou ver a coisa de cima, um olhar de encenador, aguçou meu olhar além do horizonte.
 Atualmente, estou no processo de um espetáculo musical baseado na história de João e Maria, dirigido por Rick Conte. Estarei nesse projeto como assistente de direção e parte da produção de execução, de por a mão na massa.
 2015 promete ser um bom ano. Espero!
 Contatos das Cias:
http://www.ciaxifopagos.com                


 T.S : Fique à vontade e nos fale sobre os trabalhos em que você atuou e o que cada um deles acrescentou em sua carreira!
 A.C: No início de 2013, quando do início dos primeiros ensaios de “Expresso Hamlet”, recebemos a visita de Luan Cardoso, que inicialmente iria fazer a parte de filmagem do espetáculo, que teria inserções de vídeos gravados por nós para aquela peça. Foi o meu primeiro contato com esse jovem mestre do cinema – Luan Cardoso.
 Gravações feitas e graças a nossa onda de violência urbana, Luan foi assaltado e nosso material foi-se embora. Deve estar divertindo algum bandido por aí afora. A arte de Luan não entrou em Expresso Hamlet e eis que o danado me convida para fazer parte do elenco de “Identidades”, um curta metragem que ele estaria produzindo e dirigindo. Claro que aceitei! Como o cronograma estava adiantado e teríamos um tempão entre ficar parado e começar a gravar “Identidades”, Luan começou a articular “Críticos Momentos”, que era uma série de pequenos curtas que teriam como cerne aqueles momentos difíceis de descrever, baseados nos contos de Dani Molina. Surgia assim “Críticos Momentos”, composto por “Cupido, Cabelo, Telemarketing, Supermercado, A numeróloga, Semáforo”, todos dirigidos por diretores jovens. Fui convidado para fazer Charlinho Júnior, personagem de Cupido. Aceitei! Fazer o Charlinho me proporcionou conhecer de perto a Sétima arte, os entraves de externas, os quiproquós de locação, de elenco, de produção. A minha maior dificuldade é conter meu movimento, pois sou Yang total e tem que me amarrar para me conter! E cinema é menor no gesto, é mais preciso, é pequeno! Acessem: https://www.facebook.com/quixoproducoes
 Fiz também o Casting para “Críticos Momentos” e alguns atores do “Identidades”. Descobri uma faceta minha, que eu sempre acreditei, mas por ser um mercado muito restrito a entrada de quem não faz conchavos, nunca consegui entrar. Adoro trabalhar com Casting, tenho os meus amigos que conheço e são ótimos atores, mas não estão no olhar dos produtores, tenho amigos que me auxiliam nesse olhar para o ator. Tenho minha carteira de atores e atrizes e “não atores” excelentes atores. Faço meu casting a partir daí. Penso que: Se as pessoas passam por mim, alguma coisa eu devo aprender sobre ela.
 Acessem: https://www.youtube.com/watch?v=HXG-DwTRc_4
 No teatro, tenho uma série de personagens que me trouxeram sempre coisas muito positivas para meu trabalho. Já fui homem, mulher, criança, travesti, velho, macaco, entre tantos. Ressalto alguns: “A Sorte do personagem” onde me desdobrava em fazer Nenete, uma pequena e arteira criança de seis anos, filha de um abuso sexual do padrasto, mas de um humor incrível e Luiz Toledo, um diretor de novelas envolvido com duas magníficas mulheres, atrizes de sua novela. Saia de menina, e em um minuto era um Homem maduro. Loucura pouca é bobagem. Aprendi a colar cílios de olhos fechados em 10 segundos.
“Navalha na carne” – o meu Veludo tinha um quê de glamour decadente e uma acidez de macho. Era menina na cabeça e machão na força. Viajei muito com Navalha e sinto muitas saudades. Foi um marco para mim.
“O Mahabharata” – Duryodhana foi meu primeiro antagonista do mal. Era escola, mas era um personagem profissional para mim. Entendi a maldade no mundo e suas atribuições.
“Siga-me!” – Gilberto era um garoto que como eu, amava as pessoas. Apaixonado por Gabriela, uma linda ascensorista, vê seu amor morrer com o fechamento da loja de departamentos Mappin. Paralelo a isso, eles participavam de um concurso de dança na TV. Dançava muito com meu amigo Moisés Laurentino, que vivia magistralmente Gabriela. Nunca me diverti tanto em cena. Saudades eternas deste espetáculo.
 Já fiz muita coisa em teatro e a memória vai longe.
 Ainda escrevo sobre teatro no site Kultme. Um agregador cultural muito bacana. O Kultme é desses sites de internet que indica e repara que a arte é múltipla mesmo. Tem pra todo mundo e é de uma fineza! Adorei receber o convite pela talentosíssima Renata Bosco e quando sento para escrever, viajo!  Acessem: http://kultme.com.br/kt/


 T.S: Além de ator você também é diretor e produtor?
 A.C: Sempre tive uma curiosidade por processo de trabalho. O mais importante sempre foi o aprendizado. As apresentações são reflexos deste trabalho árduo, difícil, gostoso e representativo. A direção veio daí, dessa necessidade de proporcionar aos atores um maior crescimento, ao espectador um melhor espetáculo e para mim, uma maior dimensão do olhar. Trabalho com essas três vértices. Não dirijo para mim, dirijo para o coletivo.
Dirigi “Panos e Lendas” (FPA), “Do Alto do Seu Encanto” (Cia Xifópagos), O Baú (CEI Jd. Castelo) e diversas cenas teatrais pelos lugares por onde andei.
 Sou aquele diretor que procura instigar o ator a encontrar o caminho. Não gosto de mostrar esse caminho. Essa descoberta deve ser do ator, mas eu posso clarear indicando alguns atalhos. Sei bem o que quero e encaminho para aquele fim. Se no meio do caminho, sou surpreendido pelo feito do elenco, mudo sem problema algum. Mas deve haver surpresa. Trabalhei com “não atores” no espetáculo “O Baú” e a minha maior surpresa foi ver o elenco profissional que eu tinha.
 A produção de execução partiu do espetáculo “Do Alto do Seu Encanto”. Não tínhamos dinheiro e teríamos que achar soluções para fazer a coisa vir à tona. Não tenho problema algum de botar a mão na massa ou pedir emprestado algo. Na parte de contratos e editais, desenvolvi isso nas negociações do espetáculo Expresso Hamlet. Só posso dizer que levantar dinheiro para produzir algo é quase surreal neste país. Mas tem que ir avante, senão, o sistema te engole e você vai ser funcionário público cansado de guerra na terra onde os partidos políticos imperam mais do que a política.

 T.S: Quais sentimentos tomam o seu coração ao ver uma criança sorrindo em demonstração de alegria neste aprendizado fantástico proporcionado pela arte?
 A.C: Nunca tinha trabalhado com criança e adolescente no nível pedagógico. Há três meses venho desempenhando esse papel no Centro de Referência da Juventude e Centro de Convivência da criança e do adolescente na cidade de Embu das Artes e as descobertas são as maiores possíveis.
 Descobri que a criança é o termômetro entre a algazarra, o fazer, o brincar e a preguiça.  Criança gosta de brincar, não tem jeito, é o grau dela, entendem? Eu quando criança, não era cercado pela violência, tinha área livre. A criança de hoje não. A violência do cotidiano e a violência digital o mantém longe do clube, da rua, do parque. Quando essa criança chega ao núcleo que eu trabalho, no seu retrovisor, só se enxerga a palavra brincar. E isso não é errado. Eu, enquanto arte educador tenho a função de menear isso junto com a arte.
 Os pequenos quando resolvem brincar de ser ator, não tem pra ninguém. Ele não tem o racional tão definido quanto os atores adultos. Ainda não sofrem a crise do “ator”! E aí o sorriso toma conta deles e de mim. Fico feliz demais! Um sorriso meu em aula, me rejuvenesce a sabedoria. Já com os jovens, a coisa muda de figura. A juventude, hoje, está desacostumada a seguir regras e criam suas regras próprias. No teatro então, se a ordem é sair da zona de conforto, ela automaticamente vem seguida de “Não vou fazer professor!”. Quando um jovem ultrapassa essa barreira, novamente cresço internamente, aumenta meu entusiasmo. Minha função é potencializar esse jovem e mostrar a ele que dentro dele tem muito mais que sete vidas.
 Estou encantado com isso! Ah tem as partes que me aborrecem sim: preguiça, não de vontade de fazer, falta de vontade de pensar, não comprometimento, não ouvir, não falar, não querer se enxergar enquanto pessoa. Mas isso não apaga o meu sorriso.


 T.S: Para finalizar nos fale dos seus projetos atuais e futuro!
 A.C: 2014 acabando. Ano difícil: Copa do mundo, eleições, o tempo ficou menor com tanto tempo perdido. 2015 chegando, não vejo na prática, muita coisa mudando. O que precisa ser feito está em nossas mãos.
 Como projeto pessoal, quero montar um espetáculo como ator. Um espetáculo pequeno de no máximo dois atores, que verse sobre essa anulação da vida do roceiro, do rural, numa pegada totalmente “terra”. Um drama sertanista! Nada de piada com sotaque. Quero ser dirigido por alguém com essa propriedade.
“João e Maria”, da Cia. Xifópagos, (em processo) vai dar o que falar. Maio de 2015 é a nossa projeção de estreia. Estamos a todo vapor.
 Expresso Hamlet vai voltar. Gosto muito deste espetáculo e 2015 ele deve retornar com a corda toda e quem sabe viajar um pouco com ele.
 No cinema, o curta “Identidades” deve viajar os festivais e espero curtir com eles, alguns prêmios.
 Quero entrar num projeto de estudo em teatro. Como já disse, o processo me encanta muito e quero voltar a fazer isso enquanto ator. Na direção, espero encontrar algo e alguém disposto a acreditar naquilo que adoro fazer.
 Quero continuar com minha coluna no site kultme, versando sobre teatro.
 Nessa área de teatro, as vontades são muitas, as possibilidades variáveis e as concretizações mínimas. O que importa mesmo é não perder a fé!

Canto das letras

Esse espaço é para quem quiser deixar seus escritos, poemas, textos, frases, artigos. Enfim, o que se referir à escrita poderá ser confidenciado nesse espaço. Só mandar para mim, com os dados do criador.


Matheus di Oliveer, um artista multifacetado

Matheus tem um sorriso maneiro no rosto e uma capacidade  ímpar de se comunicar. Gosta de uma boa música, teatro e escrever. Seus escritos, demonstra bem o multifacetado que enxergamos quando estamos ao seu lado. Mora em Guaçuí, Espírito Santo, é ator e  integrante da trupe teatral Gota.

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Fermento para o ser

Eu ouço o som, um som moço, que doce meu reflexo nas águas desse poço
Eu corro atrás de vendavais, sonhos imortais, valiosos orientais e de candura de moço
Eu voo além do que perdura, que sonha e cura o correr de rios
Olhares vadios, fervura no cio, sorrisos tardios
O tempo é alento ao corpo, chegar ao meu torpo nos braços daquele moço
Alegria e dor são fermento para o ser que cresce à lento, dia lento
Eu escutei as crenças de meu pai, um homem que ama se esvai, homem me atrai
Eu chupei a cena feliz, percorri com meu tênis, me satisfiz com um pênis e lá vai
Eu saltei profundos abismos, contínuos bundos e estrabismos, meus olhos e seus
astigmatismos.
Olhares vadios, fervura no cio, sorrisos tardios
O tempo é alento ao corpo, chegar ao meu torpo no braços daquele moço
Alegria e dor são fermento para o ser que cresce à lento, dia lento
Eu inventarei um universo, um pequeno verso, um banho de sereno
Eu contarei histórias para a vida, para a Cida, para a menina perdida de olhar ameno
Eu desenharei um Caiei, um super-homem ansear, nas buscas bruscas procurarei
Olhares vadios, fervura no cio, sorrisos tardios
O tempo é alento ao corpo, chegar ao meu torpo nos braços daquele moço
Alegria e dor são fermento para o ser que cresce à lento, dia lento