terça-feira, 18 de abril de 2017

Até quando? - parte II


Até quando? - parte II 

Joamar não viveu mais
Perambulou sempre
Da banca se separou
O mundo o abraçou
Joana na memória
sempre ficou
Bonita saiu naquela manhã
pra trabalhar
e não mais voltou
Joamar e a rua se tornaram amigos
De um lado abrigo
Do outro parceiro entre a multidão
Esquecer das mazelas do mundo
Esquecer Joana não.
Entre latinhas e papelão
Entre saudades e coração
A imagem refletida no chão
Da sua bela paixão
Naqueles dias de profissão
Joamar não sorria mais
Por enquanto...

Até quando? - parte I

Até quando?
Joana passava pela mesma banca de jornal sempre
Seus olhos encaravam os olhos de Joamar
Joamar baixava a testa levando os olhos para patinar
Intrigava Joana a pouca vivacidade, a mocidade
Joana curiosa, torcia para o dia passar
Joamar tinha que trabalhar
No dia seguinte, o mesmo ritual
Um dia, um sorriso, de Joamar
A noite, para Joana, foi mais saborosa
No dia seguinte lá estava Joamar
Joana expressou-se no batom
Joamar viu, sorriu maior
Joana sorriu um mundo
Marcaram um encontro.
Dia marcado, tempo selado
Joamar de camisa passada
Nem terno, nem gravata
Joana de salto alto
Exibia uma Itália corporal
Os segredos contados
Sorrisos e palavras
Mãos entrelaçadas
Uma história começada
Longa jornada
tempo........
Agora Joamar não sorri
Joana não vem
Joamar só trabalha
Nem terno, nem gravata
Apaga a violência
contra a mulher
Joana, foram com ela
Joamar, anularam ele
A violência é um caminho
que apaga as marcas deixadas
Nas histórias vividas.
Não há mais sorriso
Por enquanto.....

Kultme 40 - Financiamento coletivo


Financiamento coletivo na mesa – Fazer ou não fazer?

Esse artigo serve como um relato de um ator perante um financiamento coletivo, conhecido também como vaquinha virtual, crowdfunding ou outro termo apropriado.
Quando nós atores da Cia Cafonas & Bokomokos pensamos em usar o financiamento coletivo como uma forma de levantar fundos para a realização do nosso projeto de montar o primeiro espetáculo teatral após a partida inesperada do nosso mentor – Guilherme Vidal – no início de 2016, nada foi tão fácil e decidido num zás-trás. Somos responsáveis pra caramba e sabiamos que abrir um crowdfunding seria uma intensa luta, que teríamos de nos colocar à prova, e que teríamos de importunar nossos amigos com postagens e mais postagens nas redes sociais, no whatsapp, no e-mail, no telefone, no tête-à-tête, face to face!
Com tantas dúvidas na cabeça, íamos cozinhando a ideia e o tempo correndo. Daí decidimos correr o risco. Afinal de contas, nosso caixa estava zerado, e fazer teatro nesse nosso país não é barato. E o tempo nos consome como um “Pac-Man” ensandecido.
Contatamos nosso grande parceiro Luan Cardoso, cineasta dos bons, e ele nos ajudou a fazer o vídeo de divulgação da nossa campanha intitulada The Tweety Girls – elas chegaram ao sucesso!. Assim, a campanha foi lançada em 5 de Novembro de 2016 e ficaria dois meses no ar inicialmente, mas conseguimos uma prorrogação de 15 dias. (Arrecadamos pelos parceiros da campanha – os kickadores – uma média de 51% do foco inicial).
Campanha no ar, hora de comunicar nossos amigos, familiares, conhecidos e conhecidos dos conhecidos que precisamos de ajuda para financiar nosso projeto. Logo nos primeiros dias, sorriamos com as kickadas bacanas de quem leu nossa campanha e se identificou com nosso trabalho (desenvolvido há mais de 15 anos). Mas logo, os sorrisos foram dando lugar a preocupação. Com 20 dias atacando as mídias sociais, nossa campanha não decolava. A gente se falava e lembro que nos questionávamos muito. Estamos fazendo certo? Falamos com o site, ótimo suporte. E não decolava. Demorou para cair a ficha de que nem todo mundo lê a campanha e ignora totalmente o nosso pedido. Isso é fato! Vão dizer que não, mas é fato!
Mudamos a estratégia, aplicando mais posts e mensagens, e usando aquilo que fazemos de melhor – o nosso modo bem-humorado de encarar o mundo. Muita gente sorriu e se juntou a nós, ao nosso pedido. A cada kickada, ficávamos felizes pra caralho! Todas as kickadas foram comemoradas. Quando era alguém que fazia tempo que não tínhamos notícia então… Uhuhuhuhu!!! Que gostoso é receber carinho. Eu, na produção, enviei mensagens de agradecimento aos kickadores, então sei quem são. E recebi tanta mensagem positiva energizando nosso caminho. Realmente é pra se ficar feliz mesmo! Não estamos sozinhos, embora muitas vezes a gente se sinta desamparado. Ah, mas também entendemos a impossibilidade de ajudar porque a grana tá curta. Tá curta pra nós também. Isso a gente sabe. A gente só não entende ignorar o próximo. Mas, “tá tranquilo, tá favorável…”.
Atualmente, o financiamento coletivo, é um caminho para realização de qualquer projeto. No teatro existem os editais, os patrocínios, os prêmios, um cabeça que resolve investir num sonho, num projeto, o processo colaborativo com a contribuição dos próprios atores, produtoras que bancam um projeto. Enfim, vários caminhos distintos e não tão fáceis. Resolvemos escolher um.
Ao término da campanha, saímos fortalecidos e com a certeza que faremos um espetáculo ímpar para o público. Essa é a nossa missão com The Tweety Girls – elas chegaram ao sucesso!
Nós queremos ele – o sucesso! O sucesso nosso, o sucesso ético, o sucesso pró-laboral, o sucesso fomentador, o sucesso cafona!
Obrigado a todos! Sobrevivemos!
Gratidão! Meu aplauso para você que tirou um bocadinho do seu tempo para ler esse artigo.
Ps: Um beijo no coração dos meus amigos cafonas: Paulo Affonso, Renato Lembo, Marcos Garbelini, Robson Alex Pinto, Luis de Osti, Cosme Junho. Sem vocês comigo, eu já teria ligado pro CVV!

*A campanha The Tweety Girls – elas chegaram ao sucesso! arrecadou metade de sua meta inicial (e flexível) de 12.000, em apenas pouco mais de dois meses.

Kultme 39 - Marmita Artística



Marmita artística

Quem dá a cara a tapa?
Quem tem que pensar em tempo? Nos tempos?
Quem tem que enfrentar chuva, sol, trânsito, mãe brava?
Livros, escolas, cópias, leituras, riscos e rabiscos, quem?
Eu!
Olhos ansiosos, dispostos, lacrimejantes, lacrimosos.
Peito ardido, feliz, contente, ora triste, baqueado.
Cabelo preto, castanho, louro ou careca,
Concentrado, quem?
Eu!
Aluguel para pagar,
Namorada que não entende o atraso,
Namorado que dorme e janta sozinho,
Fico pelo caminho, tentando chegar,
Estudo no transporte coletivo e sigo sozinho
Eu!
Sento na “net” e tento trabalho, telefono… um teste?
Falo com amigos, quando os tenho,
Peço ajuda, emprego, voz!
Muitas vezes, sigo sozinho,
Apaixonado.
No ensaio sou um, dois, três, quatro, sei lá!
Não me importa, eu gosto.
Escolhi esse caminho, meu pecado é esse!
Doce pecado, amado tablado.
Sorrisos e frustrações, claro!
Jogo a perna, o pé, o corpo, danço!
Sou cobra, coringa, homem ou mulher.
É bom, hein!
No começo parecia que tudo ia dar certo.
Os olhos encontravam sempre com outros também vibrantes, fortalecia.
Força, fé, vontade, garra e guerreiros da arte, na arte!
No meio, um gole de crueldade, solidariedade,
E muito mais vontade, ora confundida com insanidade.
Cobranças…
Cada processo é um recomeço.
Cada recomeço é um processo.
E a vida segue a passos… Saborosos!
Afinal não sou vítima de nada.
Faço o que gosto e me proponho,
E no final recebo aplausos… ou não!
Quem?
Ser ator ou estar ator?
Eis a questão!
A resposta é fácil, ser é exclamação!
Sou!