terça-feira, 27 de agosto de 2019

Observações - Enganação

Cada bife que não passa de hambúrguer do Atacadão.

Crônica no olhar - Song pops

Song pops



Sexta-feira. Mais ou menos 17:00 horas de uma tarde saborosamente fria. Avenida Paulista, uma parte de São Paulo com um charme todo especial e inexplicável. Há toda porção humana lá. E essa diversidade social, intelectual, modal, banal, total, sexual faz uma música boa tocar.


Deixei meu calhambeque no estacionamento e tinha clientes à minha espera. Escuto "Meu sonho era salvar a Paola Oliveira de um assalto e ela se apaixonar por mim. Só queria isso agora".

Achei o máximo o sonho do rapaz e viajei nele. O rapaz era o manobrista do local, bonito, branco, gordo mas nem tanto, vestia uma camisa branca com símbolo da empresa e calças justas, provavelmente pretas. Estava meio largado num banco tipo de "banco de praça reaproveitado". Um charme vintage. Falava para ele mesmo mas se dirigindo ao caixa do estacionamento, um homem magro, de óculos, friorento, pois já usava, naquela hora, sua japona estilizada com o logo da empresa. Tinha no rosto e no tom de voz uma história de amor e uma carreira deixada de lado. Era cortês.

Imaginemos a cena da Paola sendo assaltada e o "Bat Masterson" chegando numa voadora, aturdido pelos gritos assustados da atriz de personagem dúbio na novela das 9. Apavorando os meliantes com seus golpes de porrada e voz forte, a loira, como num filme vencedor do Oscar americano, se encantaria com os olhos pretos marcantes e uma canção de Elvis toca. It's now or never! O amor! Ah, o amor!

Tá realizado o sonho. 

Não. Ainda não! "....se apaixonar por mim." - eu ouvi, soletradamente.
Tem que fazer mais mocinho. Vai! - Eu na torcida.

Paola acordaria do transe do Elvis e agradeceria, meio sem jeito, com aquela beleza que lhe é peculiar. E apertaria a mão do nosso herói.

Nesse momento, o perfume Polo, o verde, tinha que chegar na narina esquerda da mocinha e fazê-la se enroscar em suas palavras. Sabe quando o racional samba com o emocional a mais bela gafieira? Isso aí! Ausência de qualquer sentido.

E se não desse certo? E se ela tivesse alergia ao importado perfume? 
Até o mais sábio diria que a verdade seria o melhor caminho. Nesse caso, nunca!

Imaginemos:

Paola separaria sua mão da dele, agradecendo e querendo dar uma gorjeta pelo ato. Ele negando a gorjeta e, tomando coragem. Se declara. Ela, sorrindo, entra em seu carro e da uma buzinadinha graciosa.

"Olha, eu também te amo. Amo meus fãs." (Era ela que se apaixonaria Bat Masterson! Seu erro, eu observaria.) Tocaria "Mother" do Pink Floyd, o carro iria saindo e, pelo retrovisor, nosso herói chorando por ter perdido a oportunidade de sua vida. Ou....

Nosso herói entraria no estacionamento com o peito cheio estourando na camisa branca, sorriso no rosto e diria para o caixa: "Pegou meu Whatsapp".
O caixa olharia para a cena pelas grades da bilheteria, com um olhar "Siouxie' pensando no seu saquinho de pipoca como jantar. 

Toca Iza e seu "Pesadão" e nosso herói dá um salto. E rasga as calças.

Dei de cara com a barraca dos bolivianos e suas cores em tecidos e filtros de sonhos.
E segui.
Sonhar é de graça!

sábado, 24 de agosto de 2019

Observações - Polarização

 Observações - Polarização
Lembro na campanha presidencial muitos xingando artistas, professores. Vi defensores de animais e donos de animais protegendo a pec de exploração da perseguicao aos javalis em prol de diversão burra humana, vi gente que vai, de graça, aos espetáculos, seja por concurso ou por empatia mesmo, dizendo que nunca precisou de artistas, vi gente dizendo que os professores tinham que ensinar e não provocar o pensamento, vi gays defendendo alguém que negava a propria existência deles;
vi pobres desorientados achando que um homem branco rico e com filhos "bonitos" seria a salvação contra o PT, vi amigos inteligentes sucumbindo ao ódio, mulheres achando que esse ser é o exemplo de família (quantos casamentos? A mulherzinha das libras é apaixonada por ele, digo, a carteira dele)...até a ex que apanhou, gritou viva!
Xingaram a Madonna, Roger Waters, Stephen Fry, Cher, Bono porque diziam que eles eram do PT, negros eram espancados e chamados de ninguém, vi a Rita Lee ser chamada de velha porque discorda e afirma. Vi tanta escrotice...vi tanta mesmo e era impossível eu acreditar nisso!!!!!
Nunca disse que sou fã do Lula ou do PT, sou aqueles outros porcentos saca? Só que se vc fala contra esse governo RUIM vc é taxado de lulista. Cabeça de melão melão melão....
Vi atores de teatro fazendo arminha e levaram tiro no pé.
Vi jogadores comemorando seus pontos com arminha e levaram tiro no pé.
Vi um tempo estranho e cinza chegando.......
Estamos morrendo e nem percebendo...
Vi minha mãe,no auge da sua sabedoria, dizer: "Esse homem não me passa nada de bom".
Só temos uns aos outros povo.
Não sejamos mais orgulhosos!
Sejamos humanos e patrióticos.
Nós merecemos.

Crônica no olhar - Histórias

Histórias...
Um rapazinho, jovem, cabelos pretos encaracolados e brilhosos, bonitos, sujos um pouco, bigodinho juvenil, olhos pretos, uma roupa que não me lembro qual, me olhou da orla da sua praça moradia - eu acho - desviou o olhar porque a leitura dele assim quis.
Circulou por entre alguns carros num farol demorado e falava ao vento em direção às "janelas-motoristas" dos automóveis. Acho que encheu o peito e veio com a coragem necessária para tentar ouvir um sim ou outro meteórico não - rotina pouca é bobagem.
Falou tão rápido tudo de uma só vez e eu só o observava olho no rosto - ouvi "moro na rua e moeda, ajudar". Aquela rapidez me traduziu a desesperança da situação, a fragilidade da alma juvenil, sem experiência outrora, uma pena caindo da mesa enquanto alcança o solo.
Respondi com rapidez menor que não tinha porque estava sem nada ali, e minha mão pegava um pouco da grana da ração dos gatos e a estendia. Sei lá! Há momentos que não se obedece os preceitos - agradeceu com mãos sujas e olhos jabuticabas gigantes e alguém buzinou. Saí. E pelo retrovisor vi que a cena se repetiria como o segundo dia do final da novela.
É um recorte da vida. Um recorte!
E tive que comprar a ração com cartão!
Sem dinheiro, sem emprego, mas inteiro,
de material humano....

Nina

Nina


Esse foi o dia que Nina encontrou-me no estacionamento do prédio onde moro.

Aqui é um conjunto com vários prédios. Achei que ela estava prenha, mas não estava. 

Dias depois ela apareceu mais magrinha.

Eu a tinha chamado de Melissa e ela vinha sempre me receber. Certo dia, sua dona - Natália - me viu com ela e contou sua história:Era uma gata já de idade e morava com eles e mais 7 gatos. Nina gostava de sossego e saia do apartamento e então, ela resolveu deixar a Nina viver livre por ali - muitos a amavam. Era um gata com lar mas que assumiu ser social.Nesse dia descobri seu nome verdadeiro. 

Fiquei muito tempo com Nina brincando comigo e nos acariciando. Comia com vontade a raçãozinha sempre preparada, para ela, por minha mãe e por mim. Era amor, carinho, empatia, viver.

Nina virou estrelinha há umas semanas atrás e vivi a tristeza na minha saudável solidão.
Nunca esquecerei do seu miado de agradecimento e amor e dos seus olhos magníficos!
Há um vazio em cada saída e chegada de casa.

Caricatura

A imagem pode conter: desenho
Subo nesse palco, minha alma cheira talco, como bumbum de bebê!

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Poesia minha - Música


Música

Em plena cidade
Ouço a orquestra de cantos
Das penas ao bico
Peito cheio
Deliciosa harmonia
Entre periquitos e maritacas
Um sorriso!
A imagem pode conter: Dimi Calazans, sorrindo, atividades ao ar livre e close-up

Poesia minha - Armas pra quê?

Armas pra quê?

Pa
Papapap
Papapa
Papapa
Pa
Pa
Pa
Pa
O resto é silêncio!

Observações - Sem camisinha

Observações
(Sem camisinha)


Conheci um cara que tinha pavor de mulher lésbica. Era um lixo nesse quesito. Pensa nos comentários de um cara preconceituoso, eu saia de perto...... 
Teve uma filha, linda, a chamava de princesa e a princesa cresceu e gostava de princesa e ele teve que engolir o sapo que ele criou dentro dele! E a princesa tava nem aí pra lagoa dele!

Fotografia de celular é o que ha´- Dimi

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, óculos e gato
Dimi, o meu chicletinho.
Seu miado só tem amor.

Crônicas no olhar - A noiva

A noiva

Sempre saio com belo tempo de sossego quando tenho um compromisso. Nesse último sábado, meu compromisso era com o palco. Figurinos e acessórios reunidos e sorridentes, lá fui eu: primeira marcha, rádio ligado, sintonia começada...
Olhando para o infinito acima de nós, a sensação era charmosa, o pensamento perambulava nas lacunas do pensar. Tudo bem.Tudo indo bem.
Já perto do centro de Sampa, dia de Virada Cultural, o trânsito parou. Claro!

O rádio salpica "Ride on time".
Meus olhos grandes e castanhos encontram, no retrovisor, um belo carro preto desses antigos e dentro uma noiva e seu garboso motorista. Time, tempo, tempo, time.

Uma noiva! Minha mente diante daquele trânsito encheu-se de vigor e pressão boa. A mocinha em roupa branca empunhou sua arma: um celular. E sabe-se lá o que teclava...
Uma noiva tem uma relação matrimonial com o tempo. Naquele momento sua oração era o tempo. Seu tempo era oração. Ou não: será que ela estava jogando Candy Crush?
Ao redor umas baforadas ao volante, pássaros suingando na sua liberdade e talvez zombando da gente: prisioneiros de um tempo lento, grafitis apagados, prédios acinzentados, uma cidade ao sinal dos tempos, vivendo sob os ponteiros de um relógio sem maquinário.
E a mocinha lá, de grinalda abaixada e simbolicamente calma. O motorista suava sob um quepe bonito e sorria baixinho, de nervoso.
E eu cantando meio sem jeito, segui meu pleito pensando como é tão particular o tempo.
E que bom!
...E o espetáculo foi bacana.

Conversas do cotidiano - Convite

Conversas do cotidiano
(Convite)

" Oi Fabiano...cherry! Que você tá fazendo? Ai vamos tomar um suco, um café, ...vêoc podia pagar uma rodada de uísque...ai podíamos comer um hambúrguer na #$@_×/ $@/@$@€.

Fiquei pensando na cara do Fabiano do outro lado da linha.

Conversas do cotidiano - Jonata

Conversas do cotidiano
(Jonata)

Mulher - "Jonata, sai daí desse brinquedo peste.
Não tenho dinheiro pra pagar uber se você cair. Depois seu pai diz que gasto dinheiro à toa. Misericórdia"


Jonata escorrega e não está nem aí.

Crônicas no olhar - Urubus, pombos e garças

Urubus, pombos e garças

Sobre o piso molhado das pistas lotadas de ferro decotado e bem aprumado em diversos tons, observo.
Observo, sobre as luminárias responsáveis pelo clarear da noite, urubus de um lado e do outro, pombos e no rente do podre rio, garças. Pequenas e grandes.
Ávidos por um cheiro de alimentação. Logo abri o leque para o limiar da fome.
Somos pássaros novo longe do ninho como já dizia o Russo, o Renato, oras.
A fome não se traduz, se sente. Matá-la é como uma nota musical difícil de alcançar. É a necessária e não criminosa morte matada com dentes, bicos e afins. A fome, dolorosa fome, dos urubus e pombas naquela marginal de rio desgastado é uma espera constrastante com a prontidão do ir e vir dos calhambeques de marca.
Mais adiante, os urubus, para enganar a fome, invocam uma dança circular negra de beleza sublime. E os pombos bicam o solo - são mais famintos? E as garças são bibelôs do rio.
Um castelo chamado Tietê, com gárgulas negras e estátuas brancas e jacarés multicoloridos no lago, beliscando o musgo. E um bando de súditos em seus cavalos motorizados. Fico perambulando no meu pensamento, vislumbrando o momento do encontro do alimento por eles. Todos eles!
A fome é a ausência do conteúdo.
Passa uma revoada de pardais, uma verdadeira raridade no castelo.
Alguém buzina e tiro um punhado de amendoim do bolso menor da mochila cáqui enganando a bonita e dolorosa vontade maior dos urubus, pombos e garças.
E chove mais forte....
E sinto menos fome...
E os vejo no retrovisor.
Ainda com fome.

Conversas do cotidiano - O dia Seguinte

Conversas do cotidiano
(O dia seguinte)

_Tô bem amiga?
- Tá meio brilhosa, mas tá bem.
- Ah, meu marido é fogo. Hoje estava com a macaca.
(Cara de panqueca crua, risinho)
..e eu fui direto no pescoço achar o "brilho". Vi porra nenhuma.

Conversas do cotidiano - Indiferença



Conversas do cotidiano
(indiferença)

Aqueles balcões onde se almoça quase de pé, sabe como que é né?
4 pessoas lá, chega uma 5a. com sua comida na mão e diz:
- Tem alguém aqui? (Lugar vazio)
...........
...........
...........
Silêncio constrangedor.

Poesia minha - Observações


Observações


A imagem pode conter: atividades ao ar livre
Fuma e taca bituca no chão. Parece um quadro de solidão, mas não é não, 
É falta de vergonha mesmo.

Poesia minha - Dia D

Dia D
Ah, o amor...
Estatelado na juventude que desbrava os sentimentos e os confunde, tão igual a menina moça de quarenta anos.
O amor não é flor, coração ou ursinho de pelúcia. O amor é batimento. É veia, dessas grossas, "diluviadas".
O amor no dia dos namorados vira protagonista; muitas vezes não é nem coadjuvante, nem figurante, nem holofote. Pode ser memória, oratória ou simples mentirosa história.
Vergonha de não ter amor?
Nem se dê à esse luxo haja visto que o primeiro amor não aparece, se estabelece. Ele liga sua alma com a sua alma. Pleno.
Mas, se você não diagnostica-lo, ele esmoece, adormece.
Agora quando você encontra um diferente com pitadas de partilha, descoberta e picardia - certeza de alegria, balbúrdias e parceria.
Ah, o amor...
Hoje é dia....
De sorrir pra ele.

Conversas do cotidiano - Delicadeza

Conversas do cotidiano
(Delicadeza)

Dia dos namorados, trem, muvuca do embarque.
- nhoc chic choc nhac rsheg#$^=£=,#&@&=& - mordida, cheiro de ketchup no ar, baleiês, boca transbordando de gula e farelos, no ouvido um celular, tom altíssimo.
- Não vou correr atrás de quem não liga pra mim amiga! Por onde eu vou para Santo Amaro?
- Não sei! - uma voz irada.
Eu com cara de pequeno cidadão urbano sem dinheiro no bolso ouvi e pensei no porquê (o,a) cara não ligava para a delicadeza em pessoa.

Fotografia de celular é o que há - Will

A imagem pode conter: gato

Will é quase uma escultura!

Crônicas no olhar - Gente

Gente



Saindo de casa, logo na esquina, dois caras olham, buscando uma aprovação no olhar meu. Um deles se aproxima e limpa o vidro do meu carro e digo que não quero e mesmo assim limpa, conversando num portunhol. Descubro que são colombianos e estão por ali (na periferia) até acabar a copa América de futebol. E que acharam um jeito de arrumar uma grana. Simpáticos, terminaram. Os dois sorriram agradecidos e pegaram a "grana".

Nossa cidade é um oásis de almas diamantes.

Uma senhora curvada com uma sacola de mercado, dessas que custam dinheiro e são péssimas, caminha a passos curtos, curtíssimos. Talvez na sua casa só tenha ela, uma panela no fogão, um gato, roupas sobre a cama, um banheiro limpinho e cheiroso e uma história. Ou várias. No retrovisor, sua imagem foi diminuindo, "diminuin", "dimin", "indo".
Entre batons da Mary Kay, a suscetível mocinha em lábios carnudos, reboca sua face com esponjinha de base num farol fechado, vidros abertos, vizinhos em volante e displicência vaidosa. Penso na vaidade assolada e em celulares de farol. Vou. O batom demora para entrar na sua casa e buzinas soam.
Ao lado, um ônibus articulado, aparentemente vazio como uma centopeia, faz zigue-zague, dono da rua. Cidade grande. Metrópole!

Meninos jogam bolinhas e pedem dinheiro, balinhas no retrovisor com uma de brinde e sorriso de vendedor é ação, propaganda de prostíbulo e afins aumentam meu guarda lixo.

Um homem, todo de preto (acho que está escuro porque está sujo), chinelos com correias amarelas nos pés limpos, dois carroções repletos de sacos pretos de lixo embocados formando uma única estrutura e no alto uma espécie de estrutura de espelho de camarim (se não for, fiz ser). Um excelente cenário de uma peça teatral. Ele, calmo, sentado em uma cadeira de vime, observa, não me olha, talvez me vê. Levanta-se e abre um saco e de lá tira uma garrafa de plástico dessas de água. Toma. Fecha. Ação! Alguém buzina.

Na calçada uma turminha de rapazes, barbudinhos, cabelo cortado, bíceps torneados tomam cerveja em copos, talvez chopp. Um olhar reprovador de uma meia senhora, não pela cerveja, mas pela vestimenta. Enxergo preconceito. Mas não sei.

Escuro do túnel, no rádio uma música que diz ..."eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo."
Canto e viajo dentro de mim. A melhor viagem que conheço.

Um cãozinho e uma senhora com uma sacola dessas de mercado que custam dinheiro e são péssimas - estava cheia!
..........................
.....ambulante....

Conversas do cotidiano - No escritório

Conversas do cotidiano
(No escritório)

Administrativa 1 - ...Vai vir o filho do fulano aqui amanhã. Vai ficar o dia todo. Terei que ficar com ele, levar para almoçar. Que saco!

Administrativa 2 - Ah,tem que ser cool!
....
Eu olhando a cara de cool.

Crônicas no olhar - Línguaestranhacomgenteesquisita

Línguaestranhacomgenteesquisita



Acordei sobressaltado com um sonho daqueles: estava numa festa black, de smoking e camiseta. Peguei meu i phone e corri para fora e me vi numa bad.
Michel, meu amigo, e fiel escudeiro, gritava, em vão, por Paola, que chorava desesperadamente porque tiraram seu dread e ela não percebeu, de tão louca vibe que estava.

Vi um post de um coach no notebook do bar. O barman sorriu e disse que o mar não estava para peixe, haja visto que o coach foi pego em flagrante tomando dinheiro dos trainee da corporação. Isso próximo do McDonald's em plena hora do rush.

Desanimei e voltei para my house ouvindo Maria Bethânia cantando jazz e adormeci.

Acordei sobressaltado.

Que língua esquisita nós criamos!
.........

Conversas do cotidiano - Chiclete

Conversas do cotidiano

(Chiclete)
Trem CPTM, SP, hora da muvuca.
Duas moças, novas, com celular na mão, uma delas segurava um pacotinho do McDonalds.

Moça 1 - Te mandei dois vídeos. É de política, do Lula, desse governo. Ai menina, eu fico tão irritada, sobe um negócio de dentro de mim, uma fúria, não sei o que tá acontecendo.
Moça 2 - Me dá um chiclete?

Chega o trem. Entro e dou de cara com unhas vermelhas lendo um livro: "O Inferno somos nós", do Karnal e da Monja Coen. As unhas vermelhas combinam com a blusinha. Do lado, ao celular, um rabo de conversa de uma morena de coque.
"...ele é crente mas não quer trabalhar". Pensei:
O que será que a Monja Coen come?

Conversas do cotidiano - Métrica

Conversas do cotidiano


"... euuu...euu..fui obrigado a sair porque eu... euuu..não sabia nem onde eu "tavo".
Valeu a métrica: " Tem horas que a gente entra em cada uma."

Crônicas no olhar - Homem bonito?

Homem bonito?


Nas memórias de uma infância bem divertida com direito a brincadeiras de rua e risos escolares, aprendi querendo desaprender que homem não acha homem bonito.

Naquela cabecinha de moleque, isso virava um turbilhão de dúvidas.
Pai acha filho bonito.

Mãe acha filho lindo.

"Bonitão meu mano", dizia meu irmão.

Príncipe da primavera na escola era o loirinho, mas eu achava mais Príncipe o negro sorrisão amigo meu.
Os monitores de sala de aula eram só os bonitos? 

O belo e o maldito sempre me permeou. Por isso, o caos!

Entre amigos era o maior tabu achar o outro bonito. Dizíamos que era "legal". Eu tapeava: os bonitos sempre foram bonitos e os feios sempre foram lindos. A nítida tradução do "foradocontextopontocom".

Aqui na base do meu peito eu sei que isso é uma grande dose de preconceito social e racial. Naqueles tempos nem passava na cabeça. Ainda acreditava que o Brasil fora descoberto e não roubado.

Nos fizeram crer que a família Doriana era o mote social perfeito até que veio a menina da Claybon e comeu todo mundo. E foi aniquilada.

Beleza é uma bosta, porque ela está inerente à descarga que você dará nela.
Prefiro viver a vida amando as pessoas e classificar a beleza conforme as ações são realizadas.

E daquelas lembranças fica a memória e a fortaleza de poder dizer que o homem é bonito sim. E mulher também. E ser humano idem.

E se você associar isso à viadagem, tem um quilo de roupa no seu tanque para lavar. E se achar que isso é serviço para mulher, desmaie.

Bob

A imagem pode conter: cão
Bob,
Tentei menino,
Tentei.
A cumplicidade nos uniu
Queria fazer isso com minhas próprias mãos
Mas ...
Onde estiver,
Estarei contigo
Menino!

Conversas do cotidiano - Morte súbita

Conversas do cotidiano
"Menina, a Preta Gil deve estar muito triste. Viu que o pai dela morreu?"
"Vi sim. Ela veio do Estados Unidos. Disseram, na tv, que ela interditou ele."
" Nossa. Mas ele era louco? Não parecia. Gostava tanto dela."
"Eu hein, pai é sagrado. Esse povo da tv só vive de aparência."
Manu me olhou pedindo para sair de perto. Saímos. (Mas eu queria ver onde ia dar isso)

Conversas do cotidiano - Na praia

Conversas do cotidiano
Na praia
Uma garota com cabelos lindos black e um boy magrinho estilo careca com um sorrisão. Trem Cptm. Ela falava alto e ele quase não respondia, quase envergonhado.
"_ A gente vai pra praia. Maior zueira." (Ela)
"_ Não entro na água. (Ele)
"_ Acho surreal ir na praia e não entrar na água. Mais esquisito que isso é não gostar da Beyoncé."
"_(risos amarelos) Ahhhh, o que tem a ver a Beyoncé com eu não entrar na água?" Não gosto.
"_Não acredito que você não gosta da Beyoncé. Ela é linda."
"_Não gosto de entrar na água."
"_Credo!
"_Se for pra eu ir na praia e não entrar na água, prefiro ficar em casa ouvindo Marília Mendonça."
(Olhares dispersos da população do trem)
"_Deus me livre! Fico jogando."

Crônicas no olhar - Olhares

Olhares
Dia 09 de Julho, final de feriado, marginal da cidade de São Paulo. Do volante do meu calhambeque meus olhos se enchem de arte.
A visão que eu tinha era do horizonte para mim.

Lá ao fundo um céu em silhueta (Profa. Nanci Morgato, minha maior referência em arte na fase escolar, lembrei de ti), num alaranjado que me remeteu ao Munch com sua "Ansiedade" e "O Grito". Uau! Vindo a frente Monet pincelou aquele céu azul de algumas obras e tão límpido ficou, dá para perceber aquela parte clara das obras de Caravaggio que, por ora, se transformaram em nuvens branquinhas, quase uma luz, uma claridade.

Daí olho ao redor e vejo grafittis urbanos maravilhosos que me remetem ao melhor da arte urbana, e me permito mesclar com um Miró belíssimo e os carros, o trânsito é Picasso puro.

O horizonte agora é mais próximo e estou queimando em beleza.
Essa cidade, além de linda, tem uma paisagem artística belíssima e sensível.
....alguma coisa acontece no meu coração...

Conversas do cotidiano - Tem que orar

Conversas do cotidiano
(Tem que orar)
Zona leste de SP, lotação que não era com destino à Chabilândia, eu sentadinho ouvindo uma conversa atrás de mim.


"O culto ontem estava demais." (ele)
"Sempre! Desde o louvor. Mas tem dias que pega mais." (Ela)
"Ainda bem. O louvor era de velório. Ela sempre canta essa."
"É de velório mas é boa".
"Ela nem nem sabe que a gente chama ela de bruxa".
Ele (mudando de assunto, semi constrangimento) "Domingo vai ser o teatro. A gente racha o bico com o Teco. Na peça vai ter um demônio e ele faz a voz e todo mundo ri. Gosto muito."
"Tem que orar. É bom já ir orando desde já porque o inimigo já fica de prontidão. As crianças ficam com medo."
"O Dilsinho não vou levar" - uma terceira voz fraquinha resmungou.
Levantei com a curiosidade à flor da pele para ver os protagonistas.
Ele, cara novo, com o antebraço direito tatuado com algo que não observei bem, uma calça tipo agasalho com o símbolo do Corinthians no bolso direito frontal e uma camiseta preta telada.
Ela, meia idade, quatro furos na orelha com brincos brilhantes, maquiagem definitiva gritante, cabelo num tom cinza brilho que contradiz quando ela disse que não queria casar sozinha porque tinha vergonha , o casamento tinha que ser coletivo comandado pelo pastor.
Voz fraquinha - só vi o risco avantajado da sobrancelha que parecia uma barata voadora de noites quentes de verão.
Desci pensando "Brasil, meu Brasil brasileiro..... Que frio!"

Crônicas no olhar - Massa encefálica

Massa encefálica



Aqui as formigas disputam espaço com pessoas, que disputam com automóveis, que disputam com patinetes e bicicletas amarelas.
Como num "vai-vem" em memória ao brinquedo saudosista, passa aqui, passa acolá, há um caos permissivo.
Todos caminhando com saltinhos avantajados e saias acinturadas ou calças de todo tipo com tênis de academia, com destinos às senzalas modernas com seus luxos em vidros que reluzem o céu. Ou o poluído rio, o trânsito, o cinza de uma metrópole.
Dizem as "boas" línguas que os mesmos são alta referência da arquitetura e da engenharia. Uns mausoléus, creio eu.
Escravos de um gordinho salário, muitas vezes mal humorados, solitários em fones de ouvido ou telas de celular, deixam seus patinetes sobre a faixa de pedestre ou faixa inclusiva sem a menor culpa. Pedestre? Nem sei quem sou.
Nem um olhar, um sorriso,
Nem pedido de desculpas pelo esbarrão.
"Sai da frente que sou gerente de gente!"
Precisamos sim, pensar diferente, esvaziar os cascos, doutrinar o ego, respirar, respirar, respirar. E se importar.
Corre! Lá vem um patinete verde levando na garupa uma senhora de tailleur creme. Caiu!
Não respirou.

Fotografia de celular é o que há - Vestimos rosa sim

A imagem pode conter: 2 pessoas, incluindo Dimi Calazans, pessoas sorrindo

Vestimos rosa sim
O dia em que a sexualidade de alguém
for pautado pela cor da pantera do desenho animado
Estaremos todos fudidos!
"Irresponsável senhora de óculos e doutora de Araque"

Conversas do cotidiano - Amorim

Conversas do cotidiano
Mulher 1 - Di, eu não sabia que aquele homem...o...o... como é mesmo o nome dele? ....tinha morrido.
Mulher 2 - Quem? O Amorim?
Mulher 1 - É. Esse mesmo. Fiquei sabendo hoje.

Mulher 2 - Nossa Di, já faz uns 15 dias isso. Já nem existe mais.
Mulher 1 - Não sei onde estava. Eu não vi nada. Claro que não existe. Se ele morreu ele já não existe.
Mulher 2 - Não existe aqui na Terra.
Mulher 1 - Mas espera...se ele foi enterrado aqui na Terra ele está na Terra, então ele existe.
Mulher 2 - Tá falando sério? Se morreu não existe. Já foi, morreu, acabou.
Mulher 1 - Mas existe o corpo, o que sobrou. Tá lá enterrado.
Mulher 2 - Puta que o pariu. Tá louca?. Tô falando de vida, de falar no jornal.
Mulher 1 - Então explica direito oras.
Mulher 3 - Era tão bonito o Amorim.
......

Meus amores

A imagem pode conter: Dimi Calazans, gato

Meus amores: Dimi, Manu e Will

Conversas do cotidiano - O culto oculto

Conversas do cotidiano
Atualmente as pessoas falam ao celular para todo mundo ouvir. Pois bem.

_ Oo Fernando, o culto sábado tem que sair impecável; tudo recorrente, você sabe! Quando, na reunião, falamos do provavelmente, tinha certeza que iria ser recorrente.
(Silêncio. Nessa hora, o tal Fernando deve ter dito que não estava entendendo porra nenhuma.)  Claro Fernando, fizemos tudo planejado, o culto é a oportunidade certamente. Se não for agora, fudeu de novo. Sejamos recorrentes.
(Silêncio de novo. Acho que o Fernando mandou o pastor /acho que era/ coçar o ovo esquerdo igual à Paola do Masterchef falou. Ou foi o direito?)
Oo Fernando....
Ainda deu tempo de ver uma aliança de ouro gritando na mão que segurava o iphone.

Conversas do cotidiano - Morangos

Conversas do cotidiano
(Morangos)
Uma camelô entregando umas moedas de troco para uma cliente, em pleno campo dos ônibus, muvuca geral, umas 19 da noite de um dia de semana, fala para a amiga também camelô que vendia umas meias.
_ Marcela vem aqui comprar uns morangos.
_ Eu não! Não gosto de morangos.
_ Então vai tomar no cú.
_ Eh lasquera.
Pensa na cara da cliente. Pegou as moedinhas e deslizou na bolsa preta com um brilho falso de verniz.