quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Dancing

The future

Nicole Kidman

Tema for halloween

Faces

Dupla de dois.

Rose Rose

Marilyn Monroe

Coach Ina 9

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Britney Spears

Reface

Twin Peaks - Audrey Horne

Psicose

Justin Bieber

Baby Shark

Top world

Lucy - Drácula de Bram Stoker

Corpicho

Halloween

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Crônicas do cotidiano - Pisantes

Era final de tarde. Dessas tardes gostosas que carregam consigo o calor de vidas bem entrosadas. Junto com esse ar bafônico na nuca, Pedro voltava do "rolê".
Pensamento absorto, skate debaixo do braço, tênis semi-novos desenhados nos pés tamanho 40, um boné virado assim quase de lado escondendo o suor do cabelo acumulado nas manobras e nos tombos.


Desceu do "busão" com afinco sem antes perceber a senhorinha cheio de sacolinhas de mercado amarradas entre si no banco solitário lá perto do motorista, um homem loiro de carão vermelho, sofrendo com o motor bufando de quente. Lá atrás, quase no último banco dois homens com cara de culpa escondiam uma paquera sob o fim da tarde.
Pedro pisou no skate com seu tênis orgulhoso de estar ali naquele pé. Reluzia! Reluzia também a alegria do jovem esportista, estudante de psicologia, envolvido em causas públicas e amando, amando, amando... 

A tardezinha dançava nas cores da silhueta entre o dia e a noite. Quase um Munch.


A sensação de liberdade invadiu Pedro e o fez não perceber a aproximação de Cleber, que caminhava em passos largos e olhos assustados e uma vontade aguda por um desavisado momentâneo. Dificultando seu serelepe andar, uma sandália de borracha surrada e com um prego horizontal em contato com o chão e segurando a correia.


"Perdeu Playboy!, disse.
O Munch deu vazão à realidade.
Pedro não entendeu direito.
"Vamos Mano, quero seu tênis!"
_Peraí, o tênis não. Tenho um celular aqui - Pedro tentou barganhar.
"Esse celular aí? Ninguém usa mais. Se ainda fosse um S10. Tira logo Mano!" - e mostrou um cabo de arma.
_Mas eu vou voltar descalço pra casa?
"Toma, leva meu chinelo."
E foi tomando o tênis do skatista e colocando em seus sujos pés.
"Me dá cá esse skate."
_ Pô, deixa o skate.

Cleber arranca o skate e o lança longe na grama da Praça, numa espécie de barranco. Vai pegar. Perdeu Perseu! Vai!

Pedro, sem olhar pra trás, se arrisca a buscar seu parceiro de "rolê", com os pés descalços, já que até as meias Cleber se interessou. Ele desce pela grama e volta carregando o skate a tempo de ver seus tênis reluzindo lá longe nos pés ligeiros do ladrão.

Pedro senta-se, observa seus pés, escurece a tarde; enfia seus dedos na sandália de borracha e segue adiante.

Não lamenta, mas sente.

E vai. Caminhando sem lenço, sem documento e sem ter que pisar no chão.

sábado, 8 de agosto de 2020

Conversas do cotidiano - Pizza

 

Pizza
Estava aquele friozinho esquisito que aumentam a dor quando casa com a sombra. Mas não tinha sombra, tinha uma noite iniciante. Estavam todos lá, umas 10 pessoas eu calculo. Pessoas umas 10, sobreviventes uns 25. Mesa farta. Haviam garrafas vazias, bordas de pizzas, garfos e facas besuntadas com um tal de orégano.
E molho de tomate parecido com sangue ressecado no esparadrapo do hospital da periferia ou "micropore" no alto luxo convênio sênior sim senhor! Quem se importa?
Alguns riam das suas caras de pia, das vidas que não lhe pertenciam. Se deliciavam com a noitinha querida dançando em luzes se acendendo próximo das mesas parcialmente vazias.
Tinham todas as idades ali. Uma senhora chamou os professores de "bando de vagabundos" que não querem trabalhar, olhando para o moribundo filho que preferia se divertir em algum jogo qualquer que não tinha Ser Humano.
Um rapaz derrubou seu copo de bebida e não moveu uma palha sequer. Quando o garçom chegou para ajeitar, ele deu um sorrisinho bastardo por trás do garçom, configurando a sua possível ascendência branca. Mais risadinhas! Ele, o garçom, percebeu e na saída deu um jeito educado de derrubar a cerveja que sobrara na garrafa em cima do mequetrefe. Mais risinhos! O mequetrefe riu também! O menino não riu!
Cantaram parabéns prá você, deram mais risadinhas, aplaudiram, gritaram, comeram, beberam, falaram mal da vida alheia, deram mais algumas risadinhas. Era uma orgia!
Uma orgia sem máscaras! Não havia máscara ali. Afinal de contas estavam na calçada. A mulherzinha, aquela que falou dos professores, disse: "Vírus não gosta de área externa Eu li em algum lugar." - deve ter se confundido ou é daqueles seres que vivem para cagar. Come e caga. Determinei!
O cansaço foi dando entrada, a noite adentrando, o menino esboçava um sono. Veio a conta.
100.000,00!
E ainda acharam que não deviam pagar!
Bravejaram, gritaram, espernearam, mas pagaram.
Pensei:
Quem morre não paga a conta.
Quem morre é a conta!
Triste sai andarilhando e chutando pedrinhas. Triste pra caralho!

terça-feira, 21 de julho de 2020

Fragmentos - Memória ingrata

Meu nome é Moll.
Aliás, esse não é o meu nome verdadeiro, nome de RG, saca?
Eu nem sempre lembro do meu verdadeiro nome. Nome verdadeiro...

Ando com a memória dez graus abaixo de zero. Fria. Fria.

Quando eu era menorzinho, eu morava numa rua bem esquisita, tinha um cheiro de planta e uns bichos vagando de um lado pro outro.

Não tinha nada lá!

Memória ingrata!

Não me lembro de casas.
Não me lembro de gente.
Não me lembro de alguém.
Não me lembro de alguém legal.
Não me lembro de cores!

Memória ingrata!

Lembro do cheiro!
Ah, isso eu lembro
Lembro não, eu sinto!
Capim Fresco!

Vem Capim fresco
Alimenta os coelhos, os cavalos
Entorpece com seu cheiro
A mente demente dos ausentes.

Traz o verde.
...

Lembrei do meu nome agora.

Memória ingrata!
Deleta ele!

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Conversas do cotidiano - Cores de Letícia

Conversas do cotidiano
Cores de Letícia
_Letícia, sai daí menina.

A pequena Letícia entretida entre as cores dos brinquedos da loja nem deu importância para aquela que seria sua suposta mãe ao meu olhar. Com mãos pequeninas, tocava sem medo algum à vírus, seguranças carrancudos e mães "preocupadas", os brinquedos amontoados entre outras coisas mais caras. Era uma napoleônica descobridora.

-Letícia, vou chamar o homem do saco pra te pegar!

A pequena nem ligava. "Esse homem não existe" - eu pensei que ela pensou!
A mãe, a essa altura, já estava irritadinha. No bolso traseiro da calça "hiper surround mega justa", um celular estilo papiro moderno, desenhava pela metade a sua outra metade. O cabelo cedia ao opaco e ordens marchavam:

_Letícia, mas menina, não mexe em nada. Olha lá a polícia. Ela vai te prender.

Letícia nem dava de ombros, nem ouvia. Apertava o banco da bicicletinha da Barbie. Os olhos brilhavam, os dedinhos desenhavam a vontade de ter o brinquedo.

_ Letícia vamos embora! Você vai derrubar tudo aí.

A pequena virou-se então, olhou bem para a cabeluda mãe e disse cantando:
_"Borboletinha tá na cozinha..."

Não resisti e dei uma sonora gargalhada daquelas que eu passo vergonha.
Adoro a filosofia!

Série Kitsch em mim - Why does my heart feel so...

Why does my heart feel so ...

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Série: Kitsch em mim - 12 peixinhos

12 peixinhos ou 3? This is the question.



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Diálogos do cotidiano - Baba de moça não é leite, é baba.

Diálogos do cotidiano
Baba de moça não é leite, é baba.


Mulher 1 - Hoje é dia dos corações tudo vermelho no Facebook. Dia dos namorados é coisa séria. Quem tem o seu que tranque a sete chaves. Eu tranquei mas ele achou a cópia.
Mulher 2 - Sei não viu. Conheço gente que tá na maior fossa e colocou foto com namorado que nem existe mais. Tanta ilusão.
Mulher 1 - Filho da puta! Até cozinhar eu cozinhei pra ele.
Mulher 2 - Nem liga "miga", você está melhor assim. Sozinha. Vamos no shopping comprar um presente para você.
Mulher 1 - Você está louca? Tenho vontade de bater perna, mas tenho medo de bater as botas!
Mulher 2 - Rereré. Não dá nada não. Vai que a gente encontra um "boy"?
Mulher 1 - Vá você! Que se dane "boy", "shopping", coração, essas "coisa" toda. E além do mais estou sem máscara.
Mulher 2 - Sério?
Mulher 1 - O vigarista levou minhas máscaras todas.
Mulher 2 - Você tinha uma máscara com coraçõezinhos?
Mulher 1 - Eu tinha. Como você sabe?
Mulher 2 - Teu ex postou uma foto com uma mulher no insta e ele usava máscara de coração.
Mulher 1 - Não acredito que ele fez isso. Me mostra.
...
Filho da puta! Com a minha máscara! E essa cadela?
Mulher 2 - Ai "miga", deixa pra lá.
Vai se arrumar e vamos sair.
Mulher 1 - Ai, tô puta! Não! Quem gosta de mim sou eu mesma. Ir em shopping pra quê? Fazer fila pra pegar fila? Filho da puta, descarado. Deixa eu ver a foto de novo.
...
Bandido! Essa máscara é minha!
Mulher 2 - Rereré.
Mulher 1 - Você ri porque não é com você.
Mulher 2 - E eu tenho tempo pra homem? Prefiro o samba. E o shopping.
Mulher 1 - Mulher louca!
...
Te adoro! Se cuida viu. Vou assistir Chaves e comer uma lata de leite moça. Inteira. Espantar as sombras das redes sociais.
Mulher 2 - Tá bom. (sai)
Mulher 1 - (falando pra si mesmo)
Ordinário, fresco de uma figa! Puta que o pariu não tem leite moça!

Poesia minha - "Amorenimais"

Poesia minha

"Amorenimais"

Há um lugar místico em mim,
Há em mim um místico lugar,
Há Manu,
Há Will,
Há Dimi,
Há Milk
Há vida!



segunda-feira, 1 de junho de 2020

Diálogos do cotidiano - O triângulo das bermudas

Diálogos do cotidiano
O triângulo das bermudas.
Perdida - Moço onde fica a rua Serra do Pilar?
Rapaz - Essa é a Serra.
Perdida - Ai meu São Januário. Obrigado.
Rapaz - Por nada. Espera aí Mano, to falando com a mulher aqui.
Perdida - E o número 5?
Rapaz - Aqui é o número 5.
Perdida - Sério?
Rapaz - Que eu "sei" só tem esse número 5 aqui.
Perdida - Ai meu São Januário e agora? Qual prédio será?
Rapaz - Não sei.
Perdida - Não. Eu não te perguntei; falei sozinha.
Rapaz - Ih, agora sou louco então. Peraí mano. Eu ouvi, mas aqui tem prédio pra "caraio". Vai ser difícil achar.
Perdida - Vou ligar pra minha comadre.
Rapaz - Liga pro São Januário. Mano, a tia tá "locona". (Sai tirando uma onda com umas canelas morenas e finas com poucos pêlos dançando na barra de uma bermuda de tecido praiano).
Perdida (falando sozinha e tentando enxergar o celular) - Bandido. Só pode ser bandido.
Ao longe, descendo a ladeira, dois amigos lado a lado desenhava a imagem da liberdade e perto, a prisão era desenhada pelo celular apertado de ponta cabeça por dedos finos. Sem bermuda.

Poesia minha - Reticências

Reticências
Por dentro, sol denso
Por fora, sol lento
No todo, tormento
Na alma, lamento.
Ah...
A poesia fala quando quer!

Crônicas do cotidiano - Galinha choca

Galinha choca
Uma das características de um tempo úmido, desses típicos de Outono é aquele ventinho que se transforma em ventania, que diminui e traz uma brisa fria. Friazinha!
Em tempos de distanciamento social causado por uma doença causada por um vírus que surgiu em algum lugar, dirijo nessa tarde observando o nada vazio das ruas, avenidas, ruelas e postos de gasolina e enxergo, como um cenário de filme iraniano, um garoto. Menino mesmo, uns oito ou nove anos, branco, cabelos pretos, vestindo bermuda e camiseta que não lembro a cor e nem se calçado tinha. Mas tinha um sorriso de criança feliz. Pensei em como a felicidade é uma vírgula necessária. Em uma das mãos uma latinha com linha enrolada e na outra a linha que segurava uma sacolinha de mercado, dessas verdes que custam ao consumidor oito centavos. A sacola dançava ao movimento de Pina Bausch, impulsionada por um puxa puxa de dedos infantis. No rádio tocava Sigur Rós. Uma trilha sonora que viajava e que, sei lá qual causa, me fez chegar aos meus oito anos.
Quando eu tinha essa idade, eu me encantava, com olhos bem virginianos e lacrimejantes, com uma espécie de balão caseiro feito de jornal amassado. Os meninos da Rua Paulo, outra memória incrustada na literatura da memória , que não tinha nada de Paulo, mas de um general que nem sei direito quem era, um certo Gastão Goulart, construíam esse balão encantador que chamávamos de "galinha choca". E a galinha queimava e subia com uma leveza zeppeliniana, em níveis de leveza sublime que, comparavelmente, me remeteu ao saquinho empinado pelo garoto maroto e lá no alto, queimava e uma espécie de peso de jornal desabava como uma pedra incandescente em direção ao solo. Nós, os meninos, corríamos para fazer a próxima galinha choca e assim iam várias folhas amassadas na arte criada, até cansar. Era encantador assim como o saquinho devia ser para o menino.
Eu sei que o vento, muito mais que os meninos, diverte-se mais com essas brincadeiras e deve sorrir gigantemente quando vê os dentes contentes da garotada que cresce deixando para trás a inocência de linhas e carretéis.
Sobe galinha choca, sobe sacolinha cara.Faz o vento brincar também.
Pelo retrovisor, vejo o menino sumindo ante o tempo cinza e o Sigur Rós cessando ao meu ouvido.

Diálogos soltos

Diálogos soltos
Bêbado: Você tem certeza disso meu chapa?Porque eu tenho. Eu tenho certeza que não sei porra nenhuma.
(E saiu gargalhando entre passos de jogo da velha)

Diálogos do cotidiano - Medo

Diálogos do cotidiano
Medo
Homem - Sabe? Eu ando tão sem fazer nada que o fazer nada já está cansando.
Mulher - Mas você tá usando máscara?
Homem - Se uso! Tenho é muitas. De toda cor e até do Bolsonaro eu tenho.
Mulher - Joga fora essa peste! Deve é tá com o vírus, por isso que você tá cansado.
Homem - Hã?
Mulher - É óbvio.
Homem - Não entendi Rosa.
Mulher - Esse presidente não gosta de máscaras e se ele tá na sua, então tá pesada.
Homem - Mas eu ganhei.
Mulher - Pior! Quem te deu não gosta de você.
Homem - Foi minha mulher.
Mulher - Devolve pra ela.
Homem - Ela vai me xingar. E quem vai ficar cansada é ela e vou ter que fazer tudo em casa. Eu não.
Mulher - E o que tem demais. Você come e dorme lá. É sua casa.
Homem - Mas Rosa, ela é brava. Você não conhece?
Mulher - Estranho ela te dar uma máscara do Bolsonaro. Ela tem ódio desse homem. Eu também. Deus me livre! Quer que todo pobre morra.Vive falando de Deus e eu nunca vi este homem num culto.
Homem - Ele é esquisito mesmo.
Mulher - Então porque não joga fora essa porcaria?
Homem - (risos nervosos) Se Dalva perguntar da máscara e eu dizer que joguei fora, ela me mata.
Mulher - Então você tá com medo dela.
Homem - E eu terei medo dela? Tô só cansado de não fazer nada.
Mulher - É medo. Vai assume e joga fora essa porcaria. Você vai ver como vai melhorar.
Homem - Vou jogar, mas não fala pra ela.
Mulher - Eita homem medroso.
Homem - Só tenho medo do corona.
Mulher - De Dalva também! ...Eu tenho medo de não conseguir pagar meu aluguel.
Homem - Medrosa! Quer uma máscara?
..... a cara e o riso de Rosa era cativante... e lá se foram, com sacolas de verduras na mão.
Verdura é essencial?

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Poesia minha - Mamães

Mamães
Dia para se pensar,
Para se viver, são todos os dias.
Não basta colocar a melhor foto,
Ângulo, "close", sorrisos e presentes.
Tem gente que ama intensamente que essa data da mamãe é extensão,
Tem gente que ama
Intensamente que mais vale a foto que a ação.
Mamãe tem de todo tipo: tem boa e também tem má!
Tem mãe que abraça e
Tem mãe que descarta,
Tem mãe que chora junto e
Tem mãe que nem sequer sente,
Tem mãe que ama todos os filhos e
Tem mãe que gosta mais de um.
Tem mãe com crachá de mãe e
Tem mãe que nem quer ser mãe,
Mas foi.
Tem mãe adorada, idolatrada.
Tem mãe esquecida, abandonada.
Tem mãe vendo novela e
Tem mãe que nem televisão tem.
Tem mãe em casa quietinha e
Tem mãe que tem que sair pra rua.
E tem filhos...
Esses,
Nós,
Tem de todos os tipos,
Pra dar e vender e,
Uns, pra esquecer.
Feliz mamãe!!! Que sua paz esteja convosco e que possamos cuidar de ti como você cuidou de nós e cuida ainda.
#ficaemcasa
#dimicalazans