sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Kultme 26 - Em tempo de natal, vale um abraço, amigo


Em tempo de natal, vale um abraço, amigo


Natal vela.Estamos naquela parte do ano onde todos os valores positivos estão vindo à tona para belos apertos de mãos, abraços apertados, suspiros dobrados, papeizinhos sorteados de amigo secreto, essas coisas comuns ao mundo natalino.
Que bom seria se isso acontecesse durante o ano todo. Precisamos de amigos, somos amigos, conhecemos amigos, viramos amigos, lembramos dos amigos. Os amigos são essenciais, quando se fala de Teatro. E existem de toda a forma, intelectualidade, gostos e desgostos.
Eu tenho vários. Alguns fiéis, outros quase fiéis, outros “tão nem aí”. Explico:
Quando alguns amigos-atores entram em cartaz, minha caixa de e-mail e minha página do facebook ficam repletas de convites gentis e bacanérrimos. Fico feliz pra caramba, porque meus amigos estão trabalhando, estão produzindo e mostrando sua arte para outras pessoas. Não vou a todos, porque também não tenho essa grana todo dia. E, cá para nós, amigo fazendo peça, temos que pagar. Nada de pedir gratuito. As contas vencem. E ninguém vive de brisa. Quando tenho grana, pago!
Muitas vezes não vou. Muitas vezes eu vou. Quando não posso ir, tento ajudar de alguma forma. Compartilho o flyer, envio para os amigos ou tento com amigos, a divulgação em seus espaços culturais. É o jeito que arrumei de ajudar de alguma forma.
Ainda ajudo nos “crowdfunding” nas vaquinhas virtuais, kickantes, catarses, entre outros. Não sou o cara da grana, mas se tiver e puder, ajudo. Acredito que a colaboração pode abrir os corações e levar público ao teatro.
sumirQuando eu entro em cartaz, a situação é outra. Tenho amigos que somem. Nem uma curtidinha, nem uns “parabéns”, compartilhar nem pensar. Às vezes, até acho que o Triângulo das Bermudas existe aqui. Um vazio só! Como um bom virginiano que sou, sei quem some. Fico bolado! Na última temporada, gente que considero pra caramba, que me chamou para ajudar no crowdfunding, tomou um chá de sumiço até hoje. Amigos atores que só se interessam por você quando precisam de você? Não gosto de pensar assim. Me engano e acho que é porque estão trabalhando. Será?
Tem aqueles que curtem, escrevem, vão, aplaudem, tiram fotos, postam, voltam com outros amigos, pagam pelo seu trabalho (espetáculo). São amigos espectadores. Ah, uma curiosidade: A maior parte não são do Teatro. Com anos de teatro de grupo com os Cafonas & Bokomokos e com um repertório muito visto em longos anos, entendo que nosso maior público não é da arte, mas gosta de arte, de teatro, risos e choros. Porém, tem sim amigos atores que são profundos conhecedores do meu trabalho. Poucos, mas tem.
teatroAcho, no mínimo curioso. O ator só vai ao teatro quando tem gente famosa no elenco? Ou porque veio de fora? Ou porque está no teatro da moda, saiu na revista de artes daquela revista famosa. Uma amiga perguntou um dia, após um convite: “Mas é legal?” Acho de uma falta de ética! Vá ver, criatura!!! Vá sentir! Teatro é sentir, não é propaganda de cerveja. Não tenho mais saco para falta de educação. Não tenho!
Por isso, às vezes, me parece contundente essa quantidade de risinhos fáceis, choradeiras em nome do menino Jesus, abraços e champanhes estourados, se durante o ano, a pessoa só caga e anda.
Como eu sou um maluco no pedaço, adoro teatro, adoro escrever, conversar, dar aulas, voleibol, pessoas, animais, adoro conhecimento, sintam-se abraçados, pois sou da época que no Natal comíamos na mesa. Que em 2016, possamos ser mais felizes e com mais dinheiro no bolso.
Obrigado ao Kultme pelo carinho e a parceria! Evoé!
Happy new year!
mariliaP S: Marília Pera deixou uma lacuna ao fazer teatral. Sua sabedoria, sua paixão, sua articulação, são tão essenciais para qualquer ator, para qualquer profissional das artes. Sua elegância dengosa, seu profissionalismo, sua entrega. Marília, eu adoraria ter lhe dado um abraço, mas não tive essa sorte! Mas te acompanhei e te acompanharei eternamente. Vá, minha estrela, brilhe e ilumine nosso mundo aqui. Marília é sim uma diva dos palcos!
________________________________________________________________________
Indicação
_______________________________________________________________________
  • Livro para ler:
Não leia no final do ano, divirta-se à vontade com seus amigos na chuva, na rua, na fazenda…na praia…ou numa casinha de sapê.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Poesia minha - Faça o seu

Faça o seu

Natal, compras, juros, dividendos, sorrisão
Natal, amor, compreensão, amizade, gratidão
Natal, se não tenho não sou não
Natal, se faço, sou abusado, sou não?
Natal parei na contramão, safanão!
Natal, fome, fartura, pobreza, leite e pão
Natal, brilha, reluzente, feliz cidadão
Natal, cidade grande, pequena, oração
Natal, pra que serve mesmo? Hummm, sei não!
Natal, é o nascimento de Jesus. Quem? Sei quem é não..
Natal, fiz compras novas, estourei o cartão
Natal, pago quando der, preocupo não
Natal, briga no Congresso, haja votação
Natal, para amenizar a briga, peruzão!
Natal, terra linda do Nordeste, areião
Natal, uma data do coração
Transformada em valores sem emoção
Natal, natal, natal, nata, nat, na, não...
Que falta de opção!

domingo, 6 de dezembro de 2015

Kultme 25 - Quer vir pra cima? Vem! Vai ficar mais gostoso!

Quer vir pra cima? Vem! Vai ficar mais gostoso!

pedra
Drummond já dizia: “Tem uma pedra no caminho, no caminho tinha uma pedra…”. Pois vamos divagar sobre o conflito no teatro. Esse sujeito – o conflito – é o responsável pelos corações acelerados, pelas diversas óticas de uma situação ou pelo “desacelerar” ou “interessar” de uma boa história a ser vivida, vivenciada ou contada no palco.
Quando estamos no caminhar da vida real, nos deparamos com variadas e múltiplas ações que nos impelem o caminho, popularmente chamadas de dificuldades. Drummond chamava de pedra, no teatro chamamos de conflito.
“Se caminho para frente, alguém ou algo vem no movimento contrário, chocando-se comigo”. No fazer teatral não é diferente. Para um bom espetáculo acontecer, há de ter um excelente conflito, recheado, muitas vezes, de pequenos conflitos. As personagens chocam-se com grandes muralhas para tornar muito mais interessante a sua trajetória e fazer com que os espectadores se movimentem na cadeira. O drama sobrevive disso: movimentos contrários dos desejos, seja de quem for.
fFrente a isso, temos alguns tipos de conflitos que são constantes em dramaturgias. O Homem é o cerne do texto. Ele pode se confrontar com Destino, como um Hamlet “enduvidado” entre ser ou não ser, por exemplo. Seria o destino de Hamlet confrontar-se com sua própria essência no papel da mãe? O Fantasma de seu pai é portador da verdade ou não? Temos então, um outro tipo de conflito que é do Homem contra si mesmo. Ele se questiona. Ele não se compreende, ele sofre e terá que perceber isso. Arjuna de “O Mahabharata” enfrenta isso diante do episódio Baghavad Ghita, onde terá que decidir, se entra em guerra com sua própria família ou desiste da batalha encarando-se com seus próprios medos e fraquezas.
Há ainda, o conflito do Homem contra as forças da natureza, onde ele se depara com a Natureza como antagonista de seus atos, do Homem contra outro Homem e do Homem contra a sociedade. Esses dois últimos tipos de conflitos são comumente utilizados nas novelas e cinema. A personificação do conflito está num outro Homem, um personagem, que ora pode ser um novo amor, um amigo do mal do passado, uma mulher loucamente apaixonada que volta para acabar com a felicidade alheia entre outros.
Outro dia fui assistir à um espetáculo e fiquei horas tentando compreender qual era o conflito. Não tinha! Não teve o carinho para pensar nisso, daí vira um quadro, lindamente pintado ou não (no caso era). Mas não nos arrebata da cadeira, não impulsiona a vida. Fica na contemplação e o teatro passa a ser somente exposição. Não que isso não posso te modificar. A arte modifica, mas estamos falando de teatro, ação. Por menor que seja, o conflito deve ser valorizado, afim de que o público perceba que a vida pode não ser só rosas, podem haver espinhos pontiagudos loucos para ferir a pele.
E cá pra nós, os espinhos são mais desafiadores do que a beleza das flores!

Poesia minha - Verbos

Verbos

Mata a barata
Mata o mosquito
Mata a lagartixa
Mata a vovó, lobo
Mata a aula
Mata a cobra
Mata, mata, mata, mata o caracol
Mata o rato
Foge do bêbado
Foge do louco
Foge do negro
Foge do desconhecido
Bate na canela
Bate no menor
Bate na menina
Bate no menino
Bate, bate, bate, bate para vencer
Vencer, vencer, vencer
O quê?
.............................