sábado, 15 de outubro de 2016

Poesia minha - Hamlet

Hamlet

se...não sei...quase...sei...será...que...não sabe?...será?...
sei...que não sei...se sei?...saberei!...
rei....

Poesia minha - falta do que fazer



Falta do que fazer

Assombra a sombra assombrada na calçada
Assombrada assombra a calçada na sombra
A calçada assombrada assombra a sombra
sombra calçada assombra a assombrada
e sobra a sombra.....
e sobra...
a sombra
amarelada..........memórias......

Poesia minha - o chapa

O chapa

Frio
Sol
Manhã marinada
Brisa ensolaradaPlaca desconcertadaLetras desarranjadas em placaMadeiradaLaminadapapelãoNão tem recolocaçãoTrabalho não


Espera....


Passará um caminhão
O destino de quem chega
Pode melhorar
Se você me contratar
Por hora ou até descarregar
Das janelas dos automóveis
Me vêem sentado, em pé,
nunca deitado


Espero....


No sol, no dia, no dia, no dia, no tempo
Sou eu, prazer!
O chapa!

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Kultme 34 - Domingos Montagner e o palhaço em nós


Domingos Montagner e o palhaço em nós


montagner
Nesse mês de Setembro de 2016 fomos acometidos de uma notícia péssima, em âmbito nacional, sobre a trágica morte do ator Domingos Montagner no Rio São Francisco, em Sergipe, por afogamento em frente a sua parceira de cena na novela “Velho Chico”, a atriz Camila Pitanga. Em poucas horas o comentário do sumiço do ator invadiu as praias da internet e, tristemente, oficializada a morte algumas horas depois.
Eu fiquei sabendo já no final da tarde deste dia, pela internet mesmo por uma amiga que escreveu num desses grupos que são criados para “guetear” mais as pessoas – inclusive eu – com a seguinte indagação: “Vocês viram o sumiço do ator?”. Fiquei intrigado, pois sou das artes, e fui verificar. Levei um tremendo baque com a história toda que descobri naquele momento, que me remeteu à alguns anos atrás quando pude ter a sorte de ver um espetáculo da Cia La Mínima, com Domingos Montagner e Fernando Sampaio (À la carte, direção do italiano Leris Colombaiani).
Os dois atores eram “incomuns” em cena. Era de uma comunicação, que chegava ao público com uma delicada dose de emoção, fazendo os poros da pele se abrirem. Eu estava começando na lida do fazer teatral e aquele momento foi um forte impulso à minha vida no teatro. Conheci eles ali, naquele contexto, e o carinho de Domingos e Fernando com a plateia foi ímpar! É ímpar! Será ímpar! Percebem que o baque, quando da notícia, tem um sentido? Pois fiquei a semana inteira triste com a morte de Montagner. Tocado mesmo. Tirado daqui e levado para o lado de lá para olhar sem ser visto!
cia-la-minimaA história da Cia La mínima começou lá no Circo Escola Picadeiro, em São Paulo, sob a batuta do mestre Roger Avanzi, o palhaço Picolino, que já trazia a arte do palhaço como mote. Em 1997, juntos – Domingos e Fernando – a Cia La Minima foi oficializada e daí começaram a trabalhar o palhaço na figura das acrobacias circenses recheadas de elementos do humor e o corpo físico. (Domingos teve aulas com Rute Rachou e Denilto Gomes, na dança coreográfica). À partir daí, o palhaço e a palhaçaria seriam a maior qualidade da Cia, que teve uma trajetória magnífica, com diretores importantíssimos que tinham o palhaço e o humor como ferramenta de estudo e convidados especiais em alguns espetáculos. Uma receita simples de dois caras simples com propósito grande – a arte do palhaço como agente comunicador.
Domingos Montagner acabou chegando à TV, local onde ficou nacionalmente conhecido, em 2008, pelo seriado Mothern, da GNT (canal fechado) e na novela Cordel Encantado (TV Globo, canal aberto) e de lá pra cá, foi alçado ao posto de galã maduro em inúmeras produções. Um belo homem no imaginário das pessoas, porém, ele foi muito mais que isso: amava a sua arte – a do ator – acima de tudo. E se entregava a ela. Fatalmente, num desses trabalhos, perdemos Domingos. Mas que fique na nossa memória, o seu trabalho, sua integridade e a sua dignidade de tratar a arte como um belo bebê de colo, que sempre cresceu em suas mãos.
E esse trágico fato trouxe ao público a figura do palhaço. Palhaço como arte! A palhaçaria em nós. O clown! E ser clown é coisa muito séria!
clownHá diferentes tipos de clowns: vou aqui citar o branco e o augusto. O branco é aquele que se intitula o mandão, o poder, o chefe. Oprime por sua ação o augusto, que é aquele clown tido como mestre da ingenuidade, bobalhão, sem noção, o manipulado pelo clown branco. Ocorre que o branco, por sua vez, demonstra o seu lado fraco e dando canja ao augusto para demonstrar a sua genialidade perante a vida. Esse conceito do lado fraco (ridículo) e do forte (genialidade), uma alusão ao cômico e ao trágico acentua a percepção das emoções, perfazendo uma história. Partindo desse prisma, temos parâmetros para entender as relações sociais. Façam as comparações aos líderes e opositores, aos parceiros de gags, aos seus amigos e compatriotas, ao Homem e tirem suas conclusões. No cinema o clown apareceu sempre: Charles Chaplin, Lucille Ball, Buster Keaton, Jerry Lewis, Oscarito, Grande Otelo, Jim Carrey, Jacques Tati, Groucho Marx, entre outros. Na TV, não podemos esquecer de Roberto Bolaños.
Clown é uma linguagem artística que transgride os valores da Humanidade, seja pelo riso, seja pela tristeza, seja pela inadequação frente a qualquer coisa. Mas é arte! E das boas!
Domingos, sem saber, trouxe à tona o palhaço que há em nós.
Lembro-me sempre de uma entrevista que ele deu à um jornal de São Paulo: “Que os diretores se concentrem na direção de seus espetáculos e deixe que o público aplauda de pé, sentado ou mesmo vaie. Mas vá!. Não existe teatro sem público e com ele, o artista deve se comunicar”. Já é um grande olhar sobre o poder da mídia que pensa que manda em quem lê o seu jornal, revista ou canal.
Ps.: Tô aqui escrevendo esse artigo e a televisão ligada em Velho Chico, onde transcorre a uma cena de Domingos Montagner, com Antonio Fagundes e Camila Pitanga, sobre olhar de outros atores. Ele abre os braços em direção ao Rio São Francisco em sinal de agradecimento. Tão linda e louca são os acontecimentos da vida!….pensei….

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Poesia minha - R de raça

R de raça

Macaca tem que ficar na jaula!
Palavras desonestas ferindo a vida
De uma atleta vitimada pela covardia indevida

A força que brota da decepção
Do golpe dito errado
Fortalece o caminho nascido
Da alma
Que descobriu no judô, seu partido

As palavras fizeram força
Equilíbrio, concentração e desafio
Finalmente, sua vitória
Rafaela
alegrou nossa nação, no Rio

Kultme 33 - João e o pé de...


João e o pé de…


televisaoUm jovem amigo me escreveu outro dia, pedindo indicação de uma escola de teatro. E ouvindo o bonito, senti o sonho e a vontade (jovem) dele como um abismo distante, mas não impossível.
O sonho de aparecer na TV, fazendo a Malhação ou a novela das 6,7 ou 8, ainda é o maior sonho dos jovens que querem se tornar ator. O problema é que o caminho para isso é um desconhecido total, até porque ele é árduo e não depende somente de fazer um “curso de interpretação para TV com aquele produtor que ninguém conhece”.
O mercado da interpretação para vídeo (TV, cinema, publicidade) é um grande barato! Mas cheio de caminhos, que podem ser espinhosos ou não. Para entrar nesse mercado, há de se ter um alto grau de sabedoria, talento, foco, sorte e amor à arte da interpretação.
Vou contar uma história…
“João se formou ator na escola técnica, tirou seu DRT e resolveu investir no mercado publicitário, porque diziam: ganhava-se muito dinheiro. Como fazer?” – pensou ele.
O primeiro passo foi tirar fotos com ótima qualidade, onde mostrasse sua personalidade e características físicas, com nada de corpo nu, pouca maquiagem, claridade, boa qualidade das roupas escolhidas para as fotos. (Muitas vezes, as roupas aparecem mais que o ator).
testeEm seguida, fez contato com agências e produtoras para agendar um horário para mostrar seu material. (Muitas vezes, nem vão agendar, porque vão falar que o perfil do João, já tem de montão). Se conseguir agendar, ótimo! Conseguiu! Agora João é cadastrado na Agência X. É importantíssimo que João não mude seu visual exageradamente, o diferenciando das fotos, porque a agente vai se basear naquelas fotos entregues.
Pintando um teste, João será chamado por telefone. Nesse momento, são listados todos os detalhes do comercial (tipo de produto, tempo de veiculação, valor do cachê, dia da (s) diária (s), entre outras. Tire todas as suas dúvidas João! Todas! Comprometimento é fundamental nessa hora: se João disser que vai ao teste, tem que ir! Uma falta injustificada pode tirá-lo do casting. Geladeira nele!
Compromisso firmado é compromisso FIRMADO!
Depois de esperar bastante, ter feito a claquete e gravado, pegar o seu cachê teste (sim, o cachê teste é obrigatório) e fazer o teste, o jeito é ir para casa e aguardar. Se for editado, ótimo. Cruzar os dedos e torcer para ser aprovado. Sendo aprovado, a agência vai ligar e confirmar para prova dos figurinos e o dia da gravação. Depois, só esperar dias para receber seu cachê. Se tiver nota fiscal, vai ganhar mais, se a agência lhe der a nota, vai perder uma porcentagem. Daí só conferir no veículo o trabalho realizado e esperar outro teste.
Outra opção é fazer figuração, mas esse tema vou tratar em outro artigo.
Algumas dicas para você, João…
O mercado publicitário enfrenta crise também.
moneyOs cachês são baixos. Sempre alie o cachê ao tempo de veiculação. Por exemplo: R$ 8000,00, veiculação de um ano, sai R$ 666,66 por mês. É muito? Não é muito pouco, porque seu rosto vai ficar estampado por 1 ano.
Não se espante se demorar para ser chamado, porque o Perfil é sempre um diferencial. Todos os atores serão escolhidos por perfil. Não se chateie por isso! Se demorar demais, dê uma ligadinha com educação.
Não é preciso puxar saco (embora tenha muitos). Mostre o seu potencial de trabalho, seu interesse, fotos sempre recentes, bom material (videobook, fotos), aperfeiçoamento em cursos, cortesia, educação e nunca demonstre que está precisando (rs). Mostre que você é sério e quer fazer um bom trabalho.
Quando uma agência negar o seu material, parta para outra. Já dizia Nelson Rodrigues: “A unanimidade é burra”.
Hoje existe uma tendência a “não atores”, “pessoas reais” para se fazer propaganda. Lastimável, haja vista que ser ator não é brinquedinho. Ser ator é estudo, amor, perseverança e talento.
Mas João quis prestar testes de cinema e foi procurar na rede social.
movieOs testes de cinema são mais fechados e quando eles acontecem, muitas vezes, são articulados pelos produtores do projeto com o diretor de casting que vai te achar nas produtoras. Alguns testes até já são publicados. Se for chamado, vá com vontade e garra. Relaxe o melhor que puder. No cinema, é interpretação naturalista, então é muito importante olhar, verdade interior, sutileza. Se o ator piscar demais, vai ser difícil. Quando o diretor disser “obrigado”. Agradeça e saia. Simples assim. Aguarde um retorno. Se não passou, bola pra frente e parta pra outra.
Televisão é teste. Os comerciais são ponto de entrada, um bom agente vai ajudar muito. Mandar seu material e fazer seu cadastro nas emissoras de televisão. Olheiros podem te ver no teatro, nos curtas em vídeo, no cinema, nos comerciais, no youtube e te convidar para fazer teste. Não é o caminho tão fácil, mas é por aí. Também acontecem, os famosos amigos que indicam, os concursos de “programetes” sem pauta. Televisão, na maioria das vezes, é consequência de algum trabalho ou de um padrinho ímpar. Teste do sofá existe? Não posso confirmar nada, ainda não deitei num.
theaterAgora o grande barato disso tudo João, é que continue fazendo teatro. O teatro irá te dar uma liberdade de ofício, de criação. Com ele, você poderá dar aulas, oficinas, dirigir espetáculos, escrever, usar o youtube e criar seu canal com vídeos que expressem aquilo que você acredita. Sempre cobrando pelo seu trabalho. Não faça nada de graça, não se venda por nada. Tua formação foi paga com dinheiro e suor.
Tem que ser empreendedor. Tem que acreditar na sua arte. Alie a isso uma excelente dose de generosidade e parceria e seja feliz. Fazer qualquer coisa a qualquer custo não leva ninguém a lugar algum.
Com certeza, João, lá na frente, você dirá para você mesmo:
Putz, foi bom pacas!
Indicação
  • Livro para ler: O Último Artesão – Walter Avancini, de Ângela Britto
livroDepoimentos de atores e técnicos que trabalharam junto com Walter Avancini nas produções que tiveram a sua mão. Era rígido, porém, todos os artistas são unânimes ao exaltar seu perfeccionismo e sua importância na formação de suas carreiras.O livro também traz uma pequena biografia do diretor, e um detalhado histórico de seu trabalho.
Imperdível para amantes da televisão!
PS.: Tive ajuda de alguns amigos do ramo publicitário, que preferiram o anonimato. Afinal precisam trabalhar! Obrigado amigos!

sábado, 23 de julho de 2016

Kultme 32 - Há algo de podre no reino da Dinamarca


Há algo de podre no reino da Dinamarca….

satyrosUma imagem teatral me vem à memória quando, aos 15 para 16 anos eu fui, sozinho, pela primeira vez, assistir à Sades ou noites com os professores imorais, da cia teatral Os Satyros, lá no bairro do Bexiga num teatro que não lembro o nome. Ou já seriam 18? Haja vista, que o conteúdo de corpos seminus, nos pegando (plateia) era extremamente sensual e sexual. Não sei, não me lembro, mas a imagem é nítida aqui na minha caixola. Neste dia decidi, para mim, que eu ia ser ator um dia. Nem que fosse para fazer uma única peça de TEATRO na minha única vida, da qual eu não fazia a menor ideia do que seria.
Eu já tinha o teatro como prática. Tinha uma professora maravilhosa de Educação artística no ensino colegial no Colégio Quirino, da Vila Guarani – Nanci Morgatto – que usava o teatro como ferramenta em aula, bem como suas inúmeras e criativas aulas de arte, que incluíam, além do teatro, esculturas em lápis, giz, sabão, desenhos em perspectivas, desenhos geométricos, crochê em pano de prato e uma sabedoria ímpar no quesito arte. Ela é a grande responsável pelo artista que ousei ser. Pequeno artista mas sou.
rockNessa época, nos anos 80 e 90, a minha maior diversão era ficar em casa ouvindo rock’n’ roll na extinta rádio 97 FM, a rádio rock do ABC paulista. Tinha acabado de mudar para um bairro que me afastou dos meus melhores amigos e acabei sendo amigo do meu quarto, do meu rádio, dos meus discos, dos livros ainda não (nessa época eu ainda não os havia descoberto como a magia que são). Ficava escrevendo qual música tocava mais e acabei conhecendo uma pá de rockstars pelo nome. Alguém aí conheceu 51 st States of America, do grupo New Model Army? Pois eu conheci aí, no meu quarto, na minha solidão, perdido em músicas, canetas e questionando a minha sexualidade. Coisa de adolescente….
Me apaixonei nesta fase também, mas não digo por quem…. O que eu mais lia nessa época era jornal, principalmente os cadernos de cultura e entretenimento, o de política, eu só folheava (desconhecendo a importância que a Política exerce sobre os outros setores) e foi num desses cadernos que vi o anúncio da tal peça citada. Fui. Arrumei uma beca invocada, uma camisa, sapatos engraxados com categoria e cai lá no Bexiga, numa peça cheia de gente, com um palco totalmente interativo, com uma mulher mijando num careca com cara de mordomo de filme de terror e os meus olhos castanhos fascinados com aquilo tudo.
O que isso tudo tem a ver? Que nos conta a sua história, Dimi?
Sim e não. O fascínio que o teatro me proporcionou, o vigor que adentrou no meu coração e no meu entusiasmo foi um grande rinoceronte parceiro para aflorar a arte teatral em mim. Fui pra cima, daí conheci os livros – a dramaturgia escrita – as peças, Shakespeare, Stanislavski, Brecht. Assisti outros espetáculos. Comecei a analisar as novelas, atores me atraiam mais. Comecei a ver beleza na arte dos atores, nas nuances criadas, nos jogos. Alguns anos mais tarde fui pra escola técnica e logo a primeira estreia em teatro – “O Clichê do Amor”, de Guilherme Vidal.
E hoje?
teatroMuitas pessoas me perguntam indicações de escolas para a graduação de ator. De pais a adolescentes. E, eu sempre pergunto: Qual é a sua? O que você quer? O que você acha que é ser ator? Sou um questionador até quando sou colaborador. As respostas são sempre muito automáticas, elas vêm em forma de amor à TV, à arte da TV, que também é linda, diga-se de passagem (quando se tem esmero e amor). Todo mundo quer estar na próxima novela da Record – os 10, 11, 12 mandamentos, sei lá o quê. “Assisto todo dia a Malhação, quero entrar lá”, como se fosse uma “firma” que se batesse o ponto e cumprisse o dia. “Um amigo disse que tem uma amiga que conhece uma garota que fez Rebeldes – ah, eu quero. Quero fazer musical, o Rei Leão! Como se fosse simples, trivial! Não quero acabar com o sonho de ninguém, mas sou realista….O mundo de Alice deve ser convertido para o seu, daí se conquista. Caso contrário, a frustração reinará e se não souber lidar com isso, o amor vira rancor.
Um jovem desse pode ter a oportunidade de participar da novela que almejou, mas e a paixão? Onde estará a paixão pela arte de interpretar? Daí leio que determinado ator, que faz um sucesso enorme na televisão aberta, declara que não gosta de teatro. Os seus seguidores, a maioria jovens fãs do seu trabalho, acreditam e reproduzem essa declaração. É um movimento em cadeia….É um efeito dominó. O teatro é a raiz dessa arte televisiva, quer queira ou quer não! Acho preocupante ignorá-lo.
Isso sem contar na enganação generalizada de utilizar um trabalho como fonte de outro. Quantos produtores dá curso de teatro modificando a função de produtor para diretor. Tem gente que compra gato por lebre porque também não se preocupa com as orelhas. Tem que investigar, o olhar tem que ser apurado, porque existe uma fábrica de gente esganiçada para fazer do Teatro uma forma fácil de se levantar dinheiro e aspirantes ao elenco sem entusiasmo. Como já dizia Marcelo em Hamlet – “Há algo de podre no reino da Dinamarca”.
O mais legal de tudo isso é que o caminho com paixão será sempre recheado de pequenas paixões que despertarão o deus interior – o entusiasmo. E teatro com entusiasmo não é demodê. É luxo só!
Foco. Olhos abertos. Foco. Ouvidos atentos. Foco! Gozo!

Poesia minha - Diaadia

Diaadia

acordopisochãocorpodorserá?
levantovouàguacorpolisoserá?
portasaioandoruaônibuscorposerá?
corpocorpocorpocorpocorpoportaserá?
escadapessoasolharescorpopaqueraserá?
olharencantocabeloolharsorrisocorpoé?
seduçãoventoroupachãoolhoscorpoé?
palavrasbocaintençãocorpo?
É!
mãosunhasapertocoraçãotictacmão?
soslaiosorrisocaminhochãoalegriadia
memórialembrançadiaadiacorpo!
corpocorpocorpocorpocorpoé!
voltatremcorpopessoasolharescheiroserá?
apertacaminhasorrimemóriamanhãserá?
vaziovaziovaziosilêncio!
portãoescadapessoasentradagatosolidão?
Não!

sábado, 2 de julho de 2016

Poesia minha - Estrangeirismo


Drive in, drive thru, capuccino, hamburguer, selfie, self-service, Cupcake, petit gateau, emoticom, t-shirt, crossfit,smart phone, touch, pet shop, bike,Facebook, personal training, stylist,


Escrever é percepção do entendimento


Post, game over, company, rock, notebook, pole position, chip, barman, hobby, black friday, hole, out, royalty, Baby doll, delivery, rush, workholic.


Palavras não são más. São ingredientes culturais


Stress... Ruffles, Pullman, Dove, Kitchen, Snob, Coke, ....Comfort, McDonalds, Bob's, Carrefour, Baby beef, Site, free shop, ok, tablet, pen drive, vermute, bistrot, cache.


apropriação para entendimento é colonização?


Nova York ou Nova Iorque?Musse ou mousse?Caubói ou cowboy?Abajur ou abat-jour?Eis a questão..Ser ou não ser ou to be or not to be?


Ah, deixa eu correr. Já é hora do happy hour!Michele, Willian, Johnny, estarão me esperando,com sorrisos e amor no coração!

domingo, 26 de junho de 2016

Poesia minha - Guernica

Guernica

Tudo anda caro!
O ônibus custando $ 3,80
Todo mundo grudado, não se importando com mais nada
em leste, sul, oeste, norte
na marmita só vai salada
A gente se acostuma, reclamar pra quê?

As empresas não pagam vale transporte integral
Se não aceitar, a contratação, das mãos, sai
Falam que pagam hora extra
Mas quando precisam, falam em favor, na moral!
Moral imoral! Empresarial...
Mas não tem problema, tudo vale a pena
Quando a conta não é pequena

No teatro dos vampiros, há delação, em vão
Entre sorrisos, falsas modéstias ou negação
Provoca ira, inércia ou indagação
Se eu roubo uma agulha
Vou direto pra prisão
A gente se acostuma com essa divisão
das classes políticas e dos cidadãos...

Não importa se você tem filhos, família ou não
Quero seu dinheiro, seu bem,
material ou não, deve ser meu
Você tem e eu não,
meu direito é tomar de você
o direito que você teve de ter
Só me deixe vivo, a vida Deus me deu
Não te dei nada! Afinal Deus sou eu...

Afinal não se pode acostumar
Com falta de paladar,
Com respeito unilateral,
Com pisão no pé sem desculpas
Com falta de educação, prepotência e invasões
Violência proposital, ladrões
Só queremos paz nos nossos corações!
E um pouco de dinheiro pra diversão.

Acostumar não!

sábado, 25 de junho de 2016

Kultme 31 - Vagabundo não!


Vagabundo não!


Parem o mundo que precisamos fazer uma arca – que não é a de Noé – para colocar um bando de gente dentro e mandar para um outro lugar não habitado do universo.
Explico: Hoje todo mundo se vê no direito e na ousadia de se meter em todo buraco onde não é chamado. Em buraco de cobra, coelho não chega perto!
Esse artigo não tem caráter político!
Um certo deputado metido a pastor ou pastor metido a deputado se viu na razão ao sentar em qualquer lugar e mandar uma mensagem à classe artística, ofendendo e chamando a todos que fazem arte, de vagabundo. Vagabundo!
Significado de vagabundo (conforme dicio.com.br)
Adjetivo: Que caminha sem rumo determinado; que perambula ou vagueia; andarilho.
Que vive de maneira desocupada; que não possui ocupação; que não tem vontade de realizar suas tarefas.
Que não trabalha ou não gosta de trabalhar; vadio: aluno vagabundo.
Figurado. Que expressa inconstância; que se comporta de modo volúvel.
Pejorativo: Que apresenta péssima qualidade; inferior.
Pejorativo:Desprovido de honestidade; que se comporta de modo desonesto; malandro ou canalha.
s.m. Pessoa que vagueia; quem não possui ocupação e/ou objetivos; andarilho, malandro.
Direito. Aquele que não possui um endereço fixo ou um negócio/ocupação constante.

Pois é, grande ofensa para quem trabalha tanto e faz de caixa de sapato, chapéu de época. Quero citar aqui quais os profissionais que um espetáculo de teatro necessita. Talvez nosso senhor das razões, o tal deputado, finge ignorar:
1-Dramaturgo ou roteirista – o autor do texto a ser encenado. Pode acontecer de ele participar do processo de criação ou não.
2 – Encenador – responsável pelo olhar maior do espetáculo. Ele vê o espetáculo sobre todos os prismas.
3 – Diretor – responsável pela criação do espetáculo, dirigindo atores, cenas e imprimindo ritmo, instigar a criação, suporte a todos os outros envolvidos.
4-Produtor – é o profissional que dá assistência administrativa, artística e negociação com patrocinadores e projetos. Geralmente é o testa de ferro negociador.
5 – Sonoplasta – responsável pelo “barulho” da peça. Este profissional criará as músicas/sons ou usará músicas já compostas para ambientar os momentos e nuances.
6 – Operador de som – Aplicará, nas apresentações, a trilha sonora composta.
7 – Cenógrafo – Cuida da idealização do cenário, acessórios de cena para o espetáculo. Geralmente trabalha com auxiliares e precisará de costureiras e montadores.
8 – Figurinista – Estuda os personagens, desenha, cria e idealiza os figurinos e acessórios do espetáculo. Precisará de costureiras.
9 – Iluminador – Criador da luz do espetáculo, dando nuances para o desenrolar do drama.
10 – Operador de luz – Fará a operação da mesa de luz nas apresentações.
11 – Elenco (atores e atrizes) – São a ação do espetáculo. Tem a função de mostrar ao público a história escrita em forma de teatro. Trabalham em casa com o texto para ensaios mais produtivos. Se preocupam com o corpo, voz, alimentação, interação com o outro. Trabalham em todas as apresentações.
12 – Maquiador – São contratados para espetáculos grandes. Nos menores são feitos pelos próprios atores.
13 – Contrarregra – Auxiliar na montagem do cenário e transformação de cenas.
14 – Preparador corporal – Auxiliam os atores com relação ao trabalho corporal exigido pelos personagens. Podem criar coreografias, na ausência de um coreografo.
15 – Preparador vocal – Trabalha a voz do espetáculo na boca do elenco.
16 – Bilheteiro – Cuida dos borderôs e atendimento do público nas sessões.
17 – Segurança, bombeiros, administrativos, faxineiros, serviços.Isso sem contar funções que são relativamente novas nas montagens, visagista, por exemplo.
Quanto vagabundo não é?
É sabido que tem artistas que são clássicos sanguessugas, disso não discordo. Mas não coloque batatas podres na mesma sacola das batatas boas. Tenha sabedoria!
Portanto, quando não sabe da missa um terço, não venha querer dar lição de moral. Vá cuidar da vida daqueles que acreditam nas suas palavras na “sua casa de Deus”. Faça o mínimo para quem lhe dá valor!
E eu só estou dissertando sobre teatro. Imagine na música, artes plásticas, cinema, dança, artes em geral., que juntos ajudam a compor a orquestra chamada Cultura!
Profissionais de alto gabarito sim senhor!
Indicação
  • Livro para ler: Como se fazia um Deputado; Caiu o Ministério; As Doutoras, de Franca Júnior
A ganância pelo poder, os hábitos e tendências, a política da “sacanagem” da classe       burguesa carioca do século passado, recheiam esse livreto da Ediouro. Um achado.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Poesia minha - Tempos Modernos

Tempos modernos


Se não fiz, devia ter feito
Se não vi, devia ter visto
Se não comi, devia ter comido
Se não vivi, devia ter vivido
Se não falei, devia ter falado
Se não chorei, devia ter chorado
Se não rezei, devia ter rezado
Se não dialoguei, devia ter dialogado
Se não cantei, devia ter cantado
Se não engasguei, devia ter engasgado
Se não amei, devia ter amado
Se não judiei, devia ter judiado
Se não pari, devia ter parido
Se não votei, devia ter votado
Se não escutei, devia ter escutado
Se não odiei, devia ter odiado

Mas ninguém quer saber de mim, só do resultado...