quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Poesia minha - Penso, logo existo!

                          Penso, logo insisto!

Meia tarde, brisa quase gelada
Andando pela orla da praia
Pensamento não pára, desata em disparada,
Incendiando de cores a muralha
Que cobre o crânio careca,
Daquele que não sossega com nada

Uma pisada quase sem sombra
Quero quero querendo atenção
Fome da sua criação ou vaidade extrema
Distração no meio da semi multidão
Quem sorri sem noção?
Quem conversa com a solidão?

Na prainha, o fim de tarde é murmúrio
A recolhida parece um debando
De quem não consegue esquecer dos ponteiros
viciados do urbano tempo desse mundo.

Existe tamanha importância desse ritual?
"A vida lhe compete"
Já dizia algum mestre dos livros
Examinando os movimentos ao passar

Do além mar, do breve caminhar
Da inexatidão de pensar, do sei lá...

E caminhando continuo
Em dúvida que me faz mais acreditar

No mar...


Na imensidão do pensar.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Kultme 24 - Ah, o professor...



Ah, o professor….


professorDia 15 de outubro é dia do professor. E lá iá! Que sejam divinas as amarras que fazem os professores manterem seus objetivos dentro da corrida maluca da educação, seja ela em qual âmbito for (escolar, cultural, social, técnico…).
Nós, professores, nos entendemos como tal. A responsabilidade de dizer uma só palavra pode mudar o rumo de algum pensamento, pode abrir o questionamento, pode gerar alegrias e causar crises. Isso chama-se responsabilidade. Alguns vão dizer “Ah, mas educação se aprende em casa!” Concordo, porém, é onde estamos situados que essa educação pode se complementar. Portanto, não fujamos da nossa responsabilidade de coautor de formação de ideias e pensamentos de quem está conosco na longa jornada da vida. E hoje, está muito arriscado ser professor, não é? Conheço “n” histórias de alunos que riscam carros, batem no professor, não fazem nada, xingam o educador, inventam mentiras. Os verdadeiros donos da razão. E para piorar ainda mais, estamos atados com as ações. Porque se eu falar que o menino não faz nada, posso receber um processo ou uma demissão.
E o que isso tudo tem a ver com o teatro?
teatroPara se formar ator, necessariamente você passou por algum professor que te ajudou na sua caminhada. E estes, são de toda a espécie: aqueles que amam a arte na essência e vão te aprofundar no conhecimento, fazendo você chorar, às vezes, porque é tão difícil acertar. Até você descobrir que o “acertar” é relativo. Aqueles que são bons, mas cumprem o papel a distância, são imbuídos de conhecimento mas compartilhar com você só se lhe convier. Tem aqueles que você quer distância, porque ele acha que ser professor de teatro é ser ator, então ele nunca ensina, ele faz e você copia. Tem aqueles que caem de paraquedas no teatro porque queriam entrar para a Rede mais conhecida de televisão do nosso Brasil. Só que a conta de luz vem e tem que pagar. E consegue dar aula, mas não consegue aprofundar a essência da aula de teatro. Há o professor ditador. “Eu sou, eu estudei, você está estudando!” Faça o que eu digo porque eu sei! Tem de todo tipo. Eu já tive um professor na escola técnica que, quando fui questionar com ele que uma cena não estava funcionando (era uma opinião minha), ele me respondeu assim: “Eu sei, mas deixa ele (o ator) se estrepar”. Fiquei mudo! Indignação! Era o trabalho do cara!
Outro dia, um ator-dançarino contou que, quando estudava, o professor batia nos atores para eles aprenderem. Eu achei um pouco de exagero – a bicha queria mostrar que era culta, bem formada e tal. Acho que é bater no sentido de te explorar enquanto ator, te provocar, te desamparar para te acolher, exigir de você a arte que você tem para mostrar. Bater em mim para aprender teatro? Perdi essa aula. Mas vai saber se não era uma técnica nova.
hamletTive alguns alunos jovens de teatro e usava sempre a ferramenta da percepção para eles. Se encontre e você começara a dar oportunidade às suas vidas interiores para dialogar com elas e permitindo a elas virem à cena. Certa vez, num trabalho de Shakespeare, voltado para uma série de apresentações de cenas, conforme tínhamos combinado e trabalhado por dias, notei que muitos deles arrumaram desculpas imbecis para não estudarem as cenas e, consequentemente, não fazer a apresentação. Com muita calma e empolgação fizemos a mostra com quem tinha preparado e foi muito bom. Na aula seguinte, todo mundo em sala, daí chega minha hora: Que decepção hein galera! Cadê o nosso acordo? Ser ator não é bolinho não! Daí questionei, um por um, sobre as vontades que me falavam ter. “Ah meu sonho é fazer a Julieta”, “Nossa, o monólogo do Hamlet é tudo!”, “Estou estudando, professor”. Tem que ser honesto para ser professor de teatro. Tem que ser amplo no olhar. O desejo de ser ator não é um manual de como ser. Não adianta querer galerinha, tem que fazer, estudar, produzir, se doar, se amar, entender os conflitos que vão vir, Fernanda Montenegro disse certa vez: “Quer saber se você tem tino para teatro? Deixe de fazer por um tempo. Se doer! Volte e seja feliz”. Se não doer, não é tua praia. Ninguém (quer dizer, quase ninguém) vai longe enganando-se o tempo inteiro.
Afinal, ser professor de teatro, não é padecer no paraíso. Só precisam pagar melhor, até porque eu também tenho que pagar a conta de luz.
Indicação
ionesco
A lição, de  Ionesco, mestre do Teatro do Absurdo, apresenta uma peça que traz, de forma divertida, questões do ensino. Em As cadeiras, um casal de velhos aguarda personalidades para uma recepção na torre onde moram. Excelente leitura.

Kultme 23 - Analisando o texto teatral II



Analisando o texto teatral – Parte II


dedeu
Dedéu! Taí, promessa é dívida. No artigo anterior, prometi descobrir a origem do verbete “longe pra dedéu”. Uns dizem que a gíria veio junto com os hippies nos anos 70, outros que é o nome de uma expressão da Idade Média – D’Edel – que significava nobre. Mas gostei da versão que se explica por uma crença popular. Um homem – Dedéu – que tinha pernas muito longas e chegava rápido em qualquer lugar. Um certo dia, foi procurar uma cachoeira dentro de uma floresta e nunca que aparecia essa cachoeira. Um dia todo percorrido com longas pernas, eis que ele desiste. “Se o lugar era longe para Dedéu, imagine para nós? ” Gostei dessa, aliás adoro crenças populares, nos leva longe! Significa muita quantidade ou intensidade. Tudo a ver com teatro!
Continuemos nosso propósito com o texto teatral, iniciando no artigo anterior.
leituraCom todo aquele entusiasmo pelo texto, com todas as anotações destacadas na sua cópia, sua cabeça já deverá estar cheia de dúvidas, anseios, curiosidades e ideias. Que bom! É assim mesmo! Próximo passo é destacar o ASSUNTO do texto. O assunto é um resumo em palavras versando sobre como a história é contada e sobre quem ela se desenha. Dependendo, do texto, isso não é uma tarefa tão simples assim. Alguns personagens devem aparecer nesse assunto, destacando quem é o (s) protagonista (s) e o (s) antagonista (s). Lembrando que protagonista não é o mocinho ou mocinha da história e antagonista não é o malfeitor. Protagonista faz a história acontecer e antagonista, provoca o conflito. Extremamente importante que se discuta o assunto do texto, porque uma má interpretação da história e do assunto, pode desencadear um assunto preso no umbigo. Não é errado, mas tem que assumir o assunto destacado até o fim.
Assunto destacado, o TEMA é o próximo passo. O que a peça aborda? Do que ela trata? Do que se questiona? Pode ser um só tema ou vários. Mas são substantivos! Amor entre irmãos, crise conjugal, solidão, avareza, amizade, crimes, entre tantos. Deve-se tomar um grande cuidado aqui: como sempre há vários temas dentro de um texto, eleja aquele que está inerente à obra e não a estórias particulares de personagens. O olhar tem que ser amplo! Porque o tema deve estar implícito ou explícito nas cenas do espetáculo como um todo.
Assunto e tema em mãos. Uau! Quanta coisa colocada nos questionamentos de mesa! Parta agora para o SUPEROBJETIVO. Que é o pensamento do AUTOR e não seu, ao escrever sobre aquele texto. O superobjetivo justifica as ações dos personagens.
Esse tripé já proporciona um outro olhar sobre a obra a ser construída para os palcos. Não deixará ilhadas, as dúvidas quando elas surgirem. Teremos, então, embasamento concreto para achar respostas.
textoPapo técnico esse não? Pois é! Mas é assim. A roupagem que você vai dar para o espetáculo é outra coisa. A roupa pode ser aquela que você quiser, mas o interior tem que ser estudado, para a roupa cair melhor. E quer saber? É gostoso demais fazer essa decupagem. São períodos de descobertas e olhares mais profundos. No mínimo, enquanto artista, teu olhar vai ficar mais apurado.
Mas querem saber? Conheço uma pá de atores que odeiam fazer trabalho de mesa. O resultado a gente vê no palco. Mas tem gente que não liga mesmo. Mas eu ligo! Um beijo e um queijo!
Indicação
  • Livro para ler: Plinio Marcos – A crônica dos que não tem voz
plinioEntrevistas e textos são utilizados para dar vida às obras do dramaturgo santista e a cidade de Santos. Mais do que isso, presentearam o leitor com saborosas e debochadas crônicas do santista, algumas inéditas.
Plínio faria 80 anos agora neste mês de setembro. Leitores, é fundamental ler, ao menos, uma obra deste “craque” da dramaturgia nacional.


Poesia minha - Carrocidade

Carrocidade

No meu carro eu ouço tudo
Tem um riders on the storm
Seguido de Creep
Agasalhado por Não existe amor em SP
Disparado com flashes de Papparazzi
Cabe sim, cabe bem, Cabo verde!

Where the streets have no name,
Pizzicato five
Bruno Mars encorpado com Tulipa
Vem Zeca, o da bala ou o da mesa de bar?
Cabe!
Where?
No meu carro eu ouço o que me faz sorrir
The Animals, the house of the rising sun
Rise, PIL, Depeche com Strange love ou Stray, o cats

Madonna não rima com Legião urbana
Mas no possante, rima, não é Rael? Da rima
Com carimbó quase saio dançando
Vou dirigindo e sambando com Diogo Nogueira
Vou sorrindo pelos cantos cantando
Marisa Monte e seu xote das meninas,
Que me remete à Julieta com seu apaixonado Romeu

Cabe....cabe....cabe, cabimento, cabideiro
cabeçudo, cabe tudo, cabe mais com o som do mundo
E vou dirigindo apaixonado!

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Poesia minha - Estágios

Estágios

Criança na ciranda, circula
Circula na roda, a esperança
Esperança não se alcança, na espera
Espera não combina com criança
Criança brinca e se encanta
Encanta com o simples e com carinho
Carinho dos momentos, batimentos
Batimentos em momentos, ah a criança...


Circula!


A roda gira, o tempo anda... de bicicleta
Que circula, que circula...
Que reverbera no viver infantil
Que libera prazer na juventude
Que traz dúvida ao adulto
Que enobrece os mais velhos
E que circula
E nos aproxima frente da vida!
Seja em qual estágio for!


Vem criança....