terça-feira, 12 de novembro de 2019

Conversas do cotidiano - Parquinho

Parquinho

Do meu carro observo o pequeno parque de diversões da garotada do condomínio. Decerto que tem umas mesinhas onde pequenas grandes pessoas tomam cervejinha, jogam baralho bem ao estilo "viva la famiglia". Não necessariamente, posso arriscar.Já vi de tudo daquela janela particular, sempre quando chego da rua; não fico ali parado espreitando. Ninguém percebe ninguém. Ninguém me percebe ali. Acham que é, somente, um vivo cemitério de automóveis.Uma jovem mãe com seu celular acompanha a filha. Senta-se com seu shorts quadriculado com bolsinho frontal aparecendo e camisetinha cola cola mamãe. A filhota com pequenos olhos lindos, que lampejam à presença estática dos brinquedos, se apodera do espaço e... brinca! Sobe, desce, pula, joga areia, se movimenta.
A mãe, estática ficou, dobrou as pernas, abaixou a cabeça como um guru indiano, ofuscada por alguma coisa em seu Android. De quando em vez, estica uma perna, depois a outra, enquanto a criança some entre as outras crianças. Há gritos de posse e brados de imperador. E silêncio animador causado por informação tecnológica. Acorda!
Mãe - Mirela, Mirela. Onde você tá? (E levanta de supetão, celular vai na areia, a perna manca, o bolso some, gritos) Mirela?
A pequena aparece linda pendurada numa gaiolinha de ferro e diz:
Mirela - Mãe.
Mãe - Mas que porra menina! Por quê você some?
Mirela - Não sumi, tava brincando.
Mãe - Não sai de perto de mim.
Mirela - Mas eu não quero ficar aqui.
......
Mãe - Vai. Vou ficar de olho. (E pega o celular do chão e fixa o olhar, senta, digita, dá uma risadinha, dobra as pernas)
Mirela?
Mirela - Tô aqui. Do seu lado.
Mãe - Boba!
Mirela - Boba é você. (E sai correndo, esbarrando em outra criança emburrada no caminho).
A Mãe dá o sorrisinho e silencia com histórias do celular.
E eu fico pensando que a Mirela estava certa.
Boba é você!
Brincar com cor ação!
Brincar com coração.
A mãe, estática ficou, dobrou as pernas, abaixou a cabeça como um guru indiano, ofuscada por alguma coisa em seu Android. De quando em vez, estica uma perna, depois a outra, enquanto a criança some entre as outras crianças. Há gritos de posse e brados de imperador. E silêncio animador causado por informação tecnológica. Acorda!Mãe - Mirela, Mirela. Onde você tá? (E levanta de supetão, celular vai na areia, a perna manca, o bolso some, gritos) Mirela?A pequena aparece linda pendurada numa gaiolinha de ferro e diz:Mirela - Mãe.Mãe - Mas que porra menina! Por quê você some?Mirela - Não sumi, tava brincando.Mãe - Não sai de perto de mim.Mirela - Mas eu não quero ficar aqui.......Mãe - Vai. Vou ficar de olho. (E pega o celular do chão e fixa o olhar, senta, digita, dá uma risadinha, dobra as pernas)Mirela?Mirela - Tô aqui. Do seu lado.Mãe - Boba!Mirela - Boba é você. (E sai correndo, esbarrando em outra criança emburrada no caminho).A Mãe dá o sorrisinho e silencia com histórias do celular.E eu fico pensando que a Mirela estava certa.Boba é você!Brincar com cor ação!Brincar com coração.