terça-feira, 5 de maio de 2020

Crônicas do cotidiano - Oásis

Crônicas do cotidiano
Oásis

A quirela da solidão mais fisicamente constatada fazia com que ele não se "embriagasse" tanto assim com a avalanche de informações, dúvidas e questionamentos acerca do isolamento social.
Sua rotina não mudara tanto assim: suas refeições tinham ele como companheiro, seu travesseiro seu melhor amigo, seu tempo precioso dividia consigo mesmo e na fábrica, na qual entrava cedo e ficava até mais tarde enganando a solidão de um prato só, se divertia.
A pandemia veio para fortalecer seu ofício pois todos, agora, precisavam do produto em gel que ele manipulava há gordos anos.
Pierre - seu nome - sentiu-se importante.
Pelo menos nesse tempo ele ajudaria milhões de pessoas que nem sabia que ele existia e nem iria saber. E isso não importava, sorria sempre, debochada até. Na fábrica, o chamavam de esquisito embora não se achasse. Era somente sozinho. Debochava!
Um dia, serelepe, notou a rua mais vazia e
e se perguntou: Onde estão todos?
Reunidos com suas famílias! - a consciência apitou.
Eu sou minha família - sacramentou.
E seguiu sorrindo para o cachorro que nem sabia quem era o vírus e que nem família tinha e que vinha latir bom dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário