Geralmente, um processo teatral leva um belo tempo para o seu preparo, como um bolo difícil de casamento. É esmiuçante um processo desses – leituras, decomposição, composição, formatações, experimentações, emoções e, finalmente, é levado a público.
Há um bom tempo, os espetáculos eram criados e seguiam temporadas de sexta a domingo, criando um público que se multiplicava a cada apresentação e que, por consequência, gerava um teatro de repertório.
Hoje a situação está invertida. Não se tem vida longa ao espetáculo. Temporadas curtas para quem não tem dinheiro, patrocínio ou edital. Os donos das casas de espetáculo cobram precinhos “bem camaradas” em nome da arte (do bolso). Compreensível, afinal todo mundo tem que pagar, certo? Não tá fácil pra ninguém!
Então, reestrear um espetáculo não é uma tarefa fácil. Depende de muita vontade e disposição para levar um prejuízo (ou não). É uma faca de dois cortes esse caminho. Mas vale a pena ousar!
Essa coisa do dinheiro é uma chatice triste.
Certa vez, procurando sala de espetáculo para minha companhia teatral que tinha mais de 10 anos de trabalho, ouvi (por e-mail, porque falar com “gentinha não influente nem pensar”) a seguinte afirmação: “Só temos interesse se você tiver patrocinador ou coisa parecida”. Ou seja, MONEY! … E esse mesmo sujeito vivia defendendo a arte nas redes sociais, no episódio exposições. Pensei: “Vá à merda maldito!”. Hipocrisias.
Mas deixemos isso pra lá.
Como um apaixonado por teatro e suas qualificações artísticas, acredito que uma reestreia é um “evento”. É o momento de reviver a temporada já realizada, angariar novo público, proporcionar a experiência a quem não viu, a oportunidade de fazê-lo. Sorrir, brincar, realizar e “teatrar”.
Que tenhamos mais reestreias a fim de que espetáculos criem história dentro da cena, que o público tenha mais acesso à cultura e que os investidores acreditem mais em todas as formas de arte. Espetáculo tem que ter vida longa fora da casinha, porque na casinha demora bastante sua criação. Precisamos, artistas, fazer jus a isso! Vamos lá, então!
O papel do artista não é ficar discutindo o cu da gansa, e sim fazer o cu da gansa fazer sentido!