teatroEntre os dias 12 e 21 de Agosto, participei como jurado do I Festita – Festival de Teatro de Itapevi, organizado pelo Studio 8 Encena, onde se apresentaram 9 companhias de teatro do Brasil, com espetáculos variados, entre o tradicional e o experimental.
Aliás, como definir um estilo de espetáculo, não é? Coisa difícil de se fazer. Mesmo o experimental, tem nuances de tradicional e o tradicional , experimenta e muito. Experimental é sair gritando aos ventos? Hummm, sei não…..tenho outros olhares para isso!
O que posso compartilhar com vocês é que foi o maior barato ver o Teatro sendo realizado com amor, comprometimento, carinho, coragem, cor, envolvimento de profissionais da mais alta classe. Frustração também houve, claro! Algo não deu certo? Fugiu do controle? Abraçar o erro e o transformar num acerto. É isso! “A verdade, a Deus pertence” – alguém disse isso, sei lá quem! “A unanimidade é burra, disse Nelson Rodrigues, o dramaturgo carioca.
dimiNo simples e espaçoso palco do Espaço 930, em Itapevi, pude assistir a juventude explorando os seus conhecimentos adquiridos com “diretores pais”, fazendo do palco a sua maior verdade, jogando com os outros, saindo do senso comum, se divertindo e fazendo a plateia rir ou se emocionar. Pude acompanhar trabalhos lindos de pesquisa com o resultado para nossos olhos contemplarem. “Tão agraciado, por ter tido essa honra”. Vários espetáculos tinham a música como companhia e como forma de comunicação. Vi gata, caramujo, lesma, Mulher, Homem, criança, burro, macaco, onça, entre outros, utilizando-se da música para atingir nosso coração. Outros nos faziam chegar no seu conflito pelo viés da canção. A música como segundo ator, vi também. A música ilustrando ação, que magnífica sensação!
Taí, festival. Eu já tive o prazer de participar de alguns. Eles sempre são um encontro de pensamentos, de olhares, percepção sobre obras prontas ou novas idealizações e realizações. Daí que os festivais servem para mostrar esse trabalho para outras pessoas, de outros lugares, com outras vivências. É como colocar o seu trabalho ao julgamento.
Eu, como jurado, penso diferente. Odeio dedos que apontam sem razão de ser. Odeio egos inflados dentro de pessoas especiais. Penso no jurado como um olhar de fora que pode pontuar algo, colaborar com uma ideia, fortalecer um ator, fortalecer um processo. Aquele jurado que só julga não me interessa, porque acho ultrapassado, embrionário e chato, porque não provoca o envolvimento àquelas pessoas que se inscreveram, (muitas) vezes viajaram, apertaram a grana, subtraíram equipe, fizeram das “tripas, coração” para estarem lá: inteiros, no palco ou na técnica. Por isso, minha passagem pelo I Festita, junto com o meu querido novo amigo (também jurado) Fernando Petelinkar, foi tão sublime. Sublime porque a vida, novamente, me proporcionou estar lá, com essas pessoas especiais que o próprio destino se encarrega pelo encontro.
arteClaro, que como jurados, temos, como missão premiar os envolvidos. Daí é que a porca torce o rabo. Somos dois “Hamlet” cheio de dúvidas e abastados de olhares que discutem, com o maior carinho do mundo pelo trabalho realizado e que temos que tirar três nomes e premiar um só. “A realização já é um prêmio, mas um prêmio declarado agrada e muito”. Penso: “Se não foi dessa vez, tá tudo certo. Eu quero é mais”. Esse é um daqueles momentos que os artistas devem se fortalecer e encher o peito de força teatral. Porque somente um vai levar a estatueta. Mas o trabalho vai ser visto por muitos. Esse é um grande prêmio. Em pensar que eu já fiz uma sessão teatral para apenas uma pessoa – e foi sensacional.
É isso! O I Festita foi um barato! Novos amigos, novos olhares. Viva a arte do Teatro! Porque essa, nem que a vaca tussa, deverá morrer!
E que venham mais festivais para abrandar a amargura da alma e cutucar o Teatro em nós.