pato-donaldEis que Donald Trump se elege presidente daquela que seria a nação mais poderosa nesse nosso mundão. Carmem Miranda, já cantava “Disseram por aí, que eu voltei americanizada…” Esse senhor – que tem o mesmo nome do Pato bacana do Walt Disney, traz o mote do preconceito muito forte na sua campanha presidenciável.
É isso! Falarei de preconceitos!
Nós todos temos preconceitos. Não precisa atacar pedras, xingar minha mãe ou me chamar de lunático. Todos temos preconceitos! Eu tenho, tu tens, ele tem… Porque é muito complicado falar de uma coisa tão estúpida. Desde muito tempo, discute-se todas essas questões. Que fique claro que o preconceito está intimamente ligado à ideia da discriminação e da intolerância. Intolerância é não tolerar, preconceituar é a ausência do conceito, é julgamento.
Uma vez ouvi um amigo gay, numa roda de amigos dizer: “Eu não tenho preconceitos. Acho um horror! Pra quê serve? Eu abomino. E minutos depois, esse mesmo amigo disse: “Eu acho horrível um homem machão e passivo”. Na cabeça dele um homem sem trejeitos femininos não pode “ser passivo e, imagino eu, que ele deve achar que todo gay afeminado é “automaticamente passivo”. Meu amigo tem preconceitos, porque para ele não está claro o conceito da coisa. Daí para a intolerância é um pulo. (“Eu não gosto, eu não chego perto”, é a premissa do intolerante). Isso acontece com as etnias, com os gordos, com os magros, com bonitos, com feios, com mendigos, com mulheres, com lésbicas, com animais, com mulheres e homens solteiros, com muita gente. Se eu achar que a jabuticaba é ruim sem nunca a ter provado, nunca terei o conceito dela e sempre abominarei e falarei para todos que “não gosto!”. Coitada da jabuticaba. Sofre sem nem ter sido descoberta. Assim é na vida!
mascaras-teatroE no teatro?
Quem, artista dos palcos ou das telas, nunca ouviu frases tipo:
“Você é ator? Você é gay?”
“Deve ser a maior putaria né?”
“Rola muita droga nos ensaios?”
“Os atores separam-se porque é maior putaria, beijar na boca o tempo inteiro….”
“Os atores de musical são uns chatos! Se acham!”
“Ator é tudo louco!”
“Quando você vai arrumar um trabalho?”
“Fazer teatro é atraso de vida, vai trabalhar num escritório”
“Esse pessoal da TV é tudo rico”
“Os artistas direitistas são uns vendidos”
“Os artistas esquerdistas são mancomunados com o sistema”
“Vai trabalhar, vagabundo….” (essa escutamos muito em casa)
“É teatro amador, né?” (como se teatro amador fosse ruim)
Pois bem, é por aí a presença dos preconceitos sobre nossa classe de artistas. Nem precisa esmiuçar em palavras porque as perguntas e frases já vêm recheadas de falta de conceito. Vale lembrar que, não gostar de algo é possível, pois parte da ideia de que já se conhece o “produto” e daí vem o gostar ou não. O que não se deve é atacar as coisas que você não gosta, agindo com intolerância e violência ou salientando as suas preferências como se elas fossem a verdade suprema.
Daí que vem a indignação do Senhor Trump ser eleito na terra do Tio Sam. Num mundo tão cheio de conceitos, como dar brecha a um cidadão cheio de preconceitos? Deixemos nossos conceitos de lado, por um instante, e ….oremos!
preconceitoE abaixo a discriminação na arte! Chega de achar que toda cantora é lésbica, que todo ator é gay, que todo negro é bem-dotado, que todo gordo fede, que todo magro é anoréxico, que todo cabeludo é bicho grilo, que todo bicho grilo tem que ser cabeludo, que todo político é ladrão, que toda mulher lésbica não conheceu um homem, que todo homem gay é um fresco, que anão dá medo, que ratos são asquerosos, que ator é tudo rico, que o Brasil é o país onde tudo pode!
Sabe qual é a melhor resposta para uma pergunta preconceituosa indelicada? Olhar no fundo da alma da figura e questionar: “Onde você descobriu isso?” Tá criada a saia justa e a conversa vai ser longa! Peça uma porção de batata frita e dois chopp!