Ser artista no nosso convívio…
Apontar um dedo é tão mais fácil do que perceber que, quando fazemos isso, temos três dedos apontados para si e um para o céu ou para o inferno ou para o centro. Devo chamar o centro de caos? Pode ser.
“De artista e louco, todo mundo tem um pouco”. Com vontade de ouvir os amigos para dissertar sobre o tema artista, abri uma postagem no tal Facebook, para ouvir e ser ouvido. Pra mim sempre foi claro que, hoje em dia, quanto mais se escreve, menos se lê.
Alguns amigos entraram no jogo, outros curtiram, outros não leram, outros devem ter achado uma bobagem. Teve até quem dissesse que não sabia opinar, contradizendo o que Rildo Francisco Rocha, psicólogo, diz quando afirma ser artista: “O artista está em todos os lugares, basta estar munido de um olhar fora do comum sobre as coisas, propor loucuras e ser poroso”. Foi um levante pequeno pelo tanto que tenho de seguidores. Sinal de que o tempo está comendo a gente ou é falta de interesse mesmo?
O artista não se apoia no costumeiro, seu caminho pode ser maior se o infinito for recheado de cor, se o ego não for inflado, se a bondade estiver dentro de si, se a poesia significar ausência e não preenchimento. O artista hoje está nessa vibração? Segundo Matheus Di Oliveer, ator e dramaturgo capixaba, ele acredita que o artista é o instrumento doador para anunciar ideias, realidades, sentimentos e emoções através de sua persona e de sua arte.
A manifestação do entendimento – a epifania – é o cerne do artista para Marli Pereira, artista e grande espectadora de teatro que aporta nessas terra tupiniquins. O artista é um manifestante do entendimento? Em termos “facebookianos”, um cutucador? Ou é só um realizador?
Não é errado não gostar. Não é errado saborear algo infeliz pela maioria. O que não podemos, enquanto artista ou não, é não nos enganarmos. A fidelidade pessoal está tão intrínseca que é melhor sentir uma cara de nojo porque você não gostou do último Peter Brook do que fazer cara de doce se sentindo uma interrogação ambulante, com mezzo sorriso oco fazendo-se passar por aquele que “entendeu” a obra. Vejo sempre isso!
Outro dia um amigo perguntou: “Assistiu aquele musical?” Amei e você? …Achei frio! O quêêêêê?????????? Como assim???? Não é possível. Tá com febre? (Depois de risos de amigos) eu disse: “Não senti o espetáculo. É tudo lindo, mas não senti o espetáculo.” Resposta: Você é louco! Adorei a resposta…. Nelson Rodrigues já entoava “A unanimidade é burra”
“Não há mentiras nem verdades aqui”. Há realidade. Acho isso genial. O que é bom pra ti, pode não ser para mim e vice versa. O artista no nosso convívio é isso. É surfar bem pelas praias da arte. É ter consciência das suas vontades, amores, falhas e orgulhos. É amar o seu faro! É deixar-se envolver pela arte que não se deve viver sem. É ser! É trabalhar! É se envolver! É!
Quero agradecer aqui a todos que responderam, curtiram, deram força para a discussão e se discordarem podem cerrar a lenha.
Um beijo e um queijo, leitores.
Dimi
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