Esse artigo serve como um relato de um ator perante um financiamento coletivo, conhecido também como vaquinha virtual, crowdfunding ou outro termo apropriado.
Quando nós atores da Cia Cafonas & Bokomokos pensamos em usar o financiamento coletivo como uma forma de levantar fundos para a realização do nosso projeto de montar o primeiro espetáculo teatral após a partida inesperada do nosso mentor – Guilherme Vidal – no início de 2016, nada foi tão fácil e decidido num zás-trás. Somos responsáveis pra caramba e sabiamos que abrir um crowdfunding seria uma intensa luta, que teríamos de nos colocar à prova, e que teríamos de importunar nossos amigos com postagens e mais postagens nas redes sociais, no whatsapp, no e-mail, no telefone, no tête-à-tête, face to face!
Com tantas dúvidas na cabeça, íamos cozinhando a ideia e o tempo correndo. Daí decidimos correr o risco. Afinal de contas, nosso caixa estava zerado, e fazer teatro nesse nosso país não é barato. E o tempo nos consome como um “Pac-Man” ensandecido.
Contatamos nosso grande parceiro Luan Cardoso, cineasta dos bons, e ele nos ajudou a fazer o vídeo de divulgação da nossa campanha intitulada The Tweety Girls – elas chegaram ao sucesso!. Assim, a campanha foi lançada em 5 de Novembro de 2016 e ficaria dois meses no ar inicialmente, mas conseguimos uma prorrogação de 15 dias. (Arrecadamos pelos parceiros da campanha – os kickadores – uma média de 51% do foco inicial).
Campanha no ar, hora de comunicar nossos amigos, familiares, conhecidos e conhecidos dos conhecidos que precisamos de ajuda para financiar nosso projeto. Logo nos primeiros dias, sorriamos com as kickadas bacanas de quem leu nossa campanha e se identificou com nosso trabalho (desenvolvido há mais de 15 anos). Mas logo, os sorrisos foram dando lugar a preocupação. Com 20 dias atacando as mídias sociais, nossa campanha não decolava. A gente se falava e lembro que nos questionávamos muito. Estamos fazendo certo? Falamos com o site, ótimo suporte. E não decolava. Demorou para cair a ficha de que nem todo mundo lê a campanha e ignora totalmente o nosso pedido. Isso é fato! Vão dizer que não, mas é fato!
Mudamos a estratégia, aplicando mais posts e mensagens, e usando aquilo que fazemos de melhor – o nosso modo bem-humorado de encarar o mundo. Muita gente sorriu e se juntou a nós, ao nosso pedido. A cada kickada, ficávamos felizes pra caralho! Todas as kickadas foram comemoradas. Quando era alguém que fazia tempo que não tínhamos notícia então… Uhuhuhuhu!!! Que gostoso é receber carinho. Eu, na produção, enviei mensagens de agradecimento aos kickadores, então sei quem são. E recebi tanta mensagem positiva energizando nosso caminho. Realmente é pra se ficar feliz mesmo! Não estamos sozinhos, embora muitas vezes a gente se sinta desamparado. Ah, mas também entendemos a impossibilidade de ajudar porque a grana tá curta. Tá curta pra nós também. Isso a gente sabe. A gente só não entende ignorar o próximo. Mas, “tá tranquilo, tá favorável…”.
Atualmente, o financiamento coletivo, é um caminho para realização de qualquer projeto. No teatro existem os editais, os patrocínios, os prêmios, um cabeça que resolve investir num sonho, num projeto, o processo colaborativo com a contribuição dos próprios atores, produtoras que bancam um projeto. Enfim, vários caminhos distintos e não tão fáceis. Resolvemos escolher um.
Ao término da campanha, saímos fortalecidos e com a certeza que faremos um espetáculo ímpar para o público. Essa é a nossa missão com The Tweety Girls – elas chegaram ao sucesso!
Nós queremos ele – o sucesso! O sucesso nosso, o sucesso ético, o sucesso pró-laboral, o sucesso fomentador, o sucesso cafona!
Obrigado a todos! Sobrevivemos!
Gratidão! Meu aplauso para você que tirou um bocadinho do seu tempo para ler esse artigo.
Ps: Um beijo no coração dos meus amigos cafonas: Paulo Affonso, Renato Lembo, Marcos Garbelini, Robson Alex Pinto, Luis de Osti, Cosme Junho. Sem vocês comigo, eu já teria ligado pro CVV!

*A campanha The Tweety Girls – elas chegaram ao sucesso! arrecadou metade de sua meta inicial (e flexível) de 12.000, em apenas pouco mais de dois meses.