Natal vela.Estamos naquela parte do ano onde todos os valores positivos estão vindo à tona para belos apertos de mãos, abraços apertados, suspiros dobrados, papeizinhos sorteados de amigo secreto, essas coisas comuns ao mundo natalino.
Que bom seria se isso acontecesse durante o ano todo. Precisamos de amigos, somos amigos, conhecemos amigos, viramos amigos, lembramos dos amigos. Os amigos são essenciais, quando se fala de Teatro. E existem de toda a forma, intelectualidade, gostos e desgostos.
Eu tenho vários. Alguns fiéis, outros quase fiéis, outros “tão nem aí”. Explico:
Quando alguns amigos-atores entram em cartaz, minha caixa de e-mail e minha página do facebook ficam repletas de convites gentis e bacanérrimos. Fico feliz pra caramba, porque meus amigos estão trabalhando, estão produzindo e mostrando sua arte para outras pessoas. Não vou a todos, porque também não tenho essa grana todo dia. E, cá para nós, amigo fazendo peça, temos que pagar. Nada de pedir gratuito. As contas vencem. E ninguém vive de brisa. Quando tenho grana, pago!
Muitas vezes não vou. Muitas vezes eu vou. Quando não posso ir, tento ajudar de alguma forma. Compartilho o flyer, envio para os amigos ou tento com amigos, a divulgação em seus espaços culturais. É o jeito que arrumei de ajudar de alguma forma.
Ainda ajudo nos “crowdfunding” nas vaquinhas virtuais, kickantes, catarses, entre outros. Não sou o cara da grana, mas se tiver e puder, ajudo. Acredito que a colaboração pode abrir os corações e levar público ao teatro.
sumirQuando eu entro em cartaz, a situação é outra. Tenho amigos que somem. Nem uma curtidinha, nem uns “parabéns”, compartilhar nem pensar. Às vezes, até acho que o Triângulo das Bermudas existe aqui. Um vazio só! Como um bom virginiano que sou, sei quem some. Fico bolado! Na última temporada, gente que considero pra caramba, que me chamou para ajudar no crowdfunding, tomou um chá de sumiço até hoje. Amigos atores que só se interessam por você quando precisam de você? Não gosto de pensar assim. Me engano e acho que é porque estão trabalhando. Será?
Tem aqueles que curtem, escrevem, vão, aplaudem, tiram fotos, postam, voltam com outros amigos, pagam pelo seu trabalho (espetáculo). São amigos espectadores. Ah, uma curiosidade: A maior parte não são do Teatro. Com anos de teatro de grupo com os Cafonas & Bokomokos e com um repertório muito visto em longos anos, entendo que nosso maior público não é da arte, mas gosta de arte, de teatro, risos e choros. Porém, tem sim amigos atores que são profundos conhecedores do meu trabalho. Poucos, mas tem.
teatroAcho, no mínimo curioso. O ator só vai ao teatro quando tem gente famosa no elenco? Ou porque veio de fora? Ou porque está no teatro da moda, saiu na revista de artes daquela revista famosa. Uma amiga perguntou um dia, após um convite: “Mas é legal?” Acho de uma falta de ética! Vá ver, criatura!!! Vá sentir! Teatro é sentir, não é propaganda de cerveja. Não tenho mais saco para falta de educação. Não tenho!
Por isso, às vezes, me parece contundente essa quantidade de risinhos fáceis, choradeiras em nome do menino Jesus, abraços e champanhes estourados, se durante o ano, a pessoa só caga e anda.
Como eu sou um maluco no pedaço, adoro teatro, adoro escrever, conversar, dar aulas, voleibol, pessoas, animais, adoro conhecimento, sintam-se abraçados, pois sou da época que no Natal comíamos na mesa. Que em 2016, possamos ser mais felizes e com mais dinheiro no bolso.
Obrigado ao Kultme pelo carinho e a parceria! Evoé!
Happy new year!
mariliaP S: Marília Pera deixou uma lacuna ao fazer teatral. Sua sabedoria, sua paixão, sua articulação, são tão essenciais para qualquer ator, para qualquer profissional das artes. Sua elegância dengosa, seu profissionalismo, sua entrega. Marília, eu adoraria ter lhe dado um abraço, mas não tive essa sorte! Mas te acompanhei e te acompanharei eternamente. Vá, minha estrela, brilhe e ilumine nosso mundo aqui. Marília é sim uma diva dos palcos!
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Indicação
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  • Livro para ler:
Não leia no final do ano, divirta-se à vontade com seus amigos na chuva, na rua, na fazenda…na praia…ou numa casinha de sapê.