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Afinal de contas, que é ser ator, o que é o Ser Ator? O Homem, que faz do palco a sua casa e se transforma para transformar quem ali vai para vê-lo atuar, quem é ele, que é isso?
Pelos caminhos claros e ocultos por onde andei já me deparei com várias definições do menino(a) sempre lembrado(a) quando se fala no bardo inglês William Shakespeare. Para muitos o pai do teatro, para alguns um mero representante inglês com suas novelas recheadas de mocinhos e vilões.
Há quem ache que esse mocinho – o ator – é o “cara”, o responsável por fazer a história tomar corpo. É! Eu vejo assim também. O “modus operandi” é que irá fazer a diferença na criação e na interpretação, levando à representação. Ops, sem mandar eu tomar calmante porque usei a palavra representação! Para a contemporaneidade, essa palavra soa um tanto ultrapassada, segundo muitas línguas que desdobram o Teatro em mesas recheadas de bebidinhas geladas. Adoro discussão em mesa de bar sobre Teatro. Dou boas risadas e aprendo muito também.
Há quem ache que esse mocinho – o ator – é aquele rapazinho que quer pegar todas as meninas ou meninos e o fazer teatral é a mola de escape para isso. Há quem pense que ser ator é passaporte para TV. Mal sabe que o ator se distribui tanto para conseguir pagar o aluguel e que as coisas não caem tão fácil do céu. Se não estudar, até consegue, mas não persiste. Se não se jogar na criação, no palco, nas mãos dos diretores, nos livros, nos jogos teatrais, fica na mão! Na própria mão, que, em Teatro, não significa nada. Teatro precisa de várias mãos, nem que se tenha aquele magnífico monólogo famoso na pele daquela atriz famosa que fazia a novela famosa na rede de televisão famosa.
A fama não tem rigor. O sucesso é efêmero. O trabalho é árduo, prazeroso e unânime. E o Teatro é arte viva! Enganar-se é muito comum.
Há quem ache que esse mocinho – o ator – é um sujeito que não faz nada na vida.  As tias adoram dizer isso. Muitas famílias também. Vejo aqueles quadros de programas de auditório, onde se refaz a trajetória de determinado artista e os depoimentos são um barato, quase um esquete cômico: Sempre cheio de coisas positivas, mensagens de amor e abraços, sorrisos e choros. No real a quantidade de falta de grana, xingamentos e cobranças familiares são presença constante. A tia fala:
– Como você está sobrinho lindo?
_ Oi tia, sou ator! Vai ver meu espetáculo.
– Quando que você vai começar a trabalhar menino. Um moço tão bonito! Precisa ficar lindo para arrumar uma linda moça para casar!
– Tia, a senhora é uma fofa! (rs)
Esse diálogo já foi vivido por muitos atores. Talvez não exatamente dessa forma, porém, com esse olhar desqualificado que herdamos por aqui nessa terra brasílis. No mundo não sei…
Eu conheço atores ótimos, atores que são esforçados e acertam, outros que tentam acertar, mas demoram, atores que copiam, atores que não criam, atores carismáticos e fortes, outros carismáticos e fracos, muitos famosos fracos, muitos famosos fortes, outros desencanados e encantadores, outros encanados e encantadores, outros encanados e que ficam melhor ao longo da temporada. Conheço atores que se doam ao Teatro, conheço outros que nem leem Teatro. Tem gente que sonha ser ator, mas troca o sonho por um bom ordenado. Tem gente que troca um bom ordenado por um palco bem ordenado. A verdade, leitor, não compete a nós julgar. Faça seu trabalho e tenha orgulho dele.
Afinal ser ator não é padecer no paraíso. Ser ator é gostoso pacas!